Cientistas acreditam que o facto de as crianças serem menos afetadas pela Covid-19 está diretamente relacionado com a sua resposta imunológica. A maioria das crianças não contrai Covid-19 e mesmo quando isso acontece, a recuperação é rápida e bem-sucedida.
De forma geral, e apesar de ainda residir algum mistério em torno dessa questão, o sistema imunológico das crianças evolui para melhor as proteger de patogénicos desconhecidos. Destrói rapidamente o coronavírus antes de este se instalar no corpo.
Foi recentemente publicado um estudo na publicação Science Translational Medicine, que comparou a resposta imunológica de adultos com a das crianças, em relação a vírus.
Habitualmente, quando o corpo se depara com um patogénico desconhecido (leia-se patologia, mas o vírus que a causa), atua em poucas horas, graças à resposta imunológica inata que todos possuímos. Uns mais forte, outros menos.
Desta forma, o organismo prepara-se para lutar contra possíveis perigos. Ao que este estudo indica, nas crianças esta atividade acontece com mais facilidade. Porquê? Porque como estão em crescimento e encontram frequentemente patogénicos desconhecidos, o seu sistema de defesa imunológico atua rapidamente e com mais intensidade.
Uma das principais autoras do estudo, a norte-americana Betsy Herold, especialista em doenças infecciosas pediátricas, admitiu que a reposta imunológica mais intensa das crianças, parece protegê-las eficazmente.
A equipa de Herold descobriu que a resposta imunológica é muito mais fraca nos adultos. Com o decorrer dos anos e a passagem por várias etapas da vida, sobretudo depois dos encontros com bários patogénicos, o corpo “afina” o sistema imunológico e adapta-se para combater ameaças específicas.
Ou seja, não está tão bem preparado para enfrentar todas as ameaças, conhecidas, ou desconhecidas, que possa surgir. Nem é tão rápido a agir perante a sua presença.
O sistema adaptativo a nível imunológico dos adultos é mais lento na resposta, porque com o passar dos anos, dificilmente se encontram vírus novos pela primeira vez.
Crianças menos afetadas pela Covid-19
Ainda assim, esta investigação notou que o coronavírus é novo para todos. Mesmo assim, os adultos mais vulneráveis ao desconhecido e, neste caso, à Covid-19. O estudo de Herold sugere que, no momento em que o sistema adaptativo de um adulto entra em ação, o vírus já teve tempo de se instalar no corpo.
Deste estudo, fizeram parte sessenta adultos e sessenta e cinco crianças e jovens adultos com menos de 24 anos de idade. Todos estiveram hospitalizados no Montefiore Medical Center, na cidade de Nova York, entre 13 de março e 17 de maio.
No geral, o vírus afetou ligeiramente as crianças, em comparação com os adultos, que na sua maioria apresentavam sintomas gastrointestinais, além de perda de apetite e de olfato. Apenas cinco crianças necessitaram de ventilação para respirar, em comparação com vinte e dois adultos.
Se este vírus se tornar endémico, com o tempo as crianças deverão desenvolver defesas adaptativas tão fortes que não correm o risco de ter os problemas que os adultos estão a ter neste momento.
Especialistas e cientistas acreditam que daqui a uns anos as crianças de hoje, quando alcançarem a idade adulta no futuro, vão normalizar o novo coronavírus nos seus sistemas imunológicos, e assim a população já vai conseguir erradicar o vírus.