As crianças que deixam comida no prato e comem mais devagar têm melhor saúde cardiometabólica, demonstra um estudo realizado pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).
Com o objetivo de avaliar de que forma os comportamentos alimentares das crianças de 7 anos influenciam o risco cardiometabólico, ou seja, a incidência de doenças como a obesidade infantil, diabetes e hipertensão, aos 10 anos de idade, o ISPUP recorreu a dados de cerca de 3000 crianças nascidas em maternidades públicas da Área Metropolitana do Porto, e realizou um questionário aos pais sobre as rotinas alimentares dos mais pequenos.
Quando as crianças atingiram os 10 anos de idade, foram recolhidas amostras de sangue para verificar os níveis de triglicéridos, colesterol, insulina no sangue e a pressão arterial. A razão pela qual a equipa se focou na análise destes indicadores prende-se com o facto de estes serem “fatores de risco [comprovados pela comunidade científica] que aumentam a probabilidade das crianças terem, no futuro, doenças cardiovasculares como o enfarte agudo do miocárdio, diabetes, entre outras”, explica Sarah Warkentin, primeira autora do estudo.
De acordo com a investigadora, após o cruzamento dos dados obtidos foi possível compreender que as crianças que têm “uma melhor resposta à saciedade”, ou seja, deixam mais comida no prato e/ou comem mais devagar, apresentam uma “melhor saúde cardiometabólica”. Por outro lado, aquelas que demonstram um “maior prazer em comer” e pedem mais comida, apresentam uma “pior saúde cardiometabólica”.
No entanto, Sarah Warkentin, explica que a saúde cardiometabólica depende de outros fatores, nomeadamente do peso.
Além disso, alerta que “a compreensão da influência dos comportamentos alimentares na saúde cardiometabólica das crianças é fundamental para que se possa intervir precocemente” e assim impedir ou minimizar os impactos de uma doença no futuro.
Na próxima fase, a equipa de investigadores pretende explorar uma possível ligação entre os comportamentos alimentares e a genética ou o ambiente.