Um estudo publicado esta semana na revista científica Science Advances, mostrou que crianças que passaram a brincar ou a passar mais tempo em zonas com vegetação, registaram melhorias nos seus sistemas imunitários, ao fim de trinta dias.
A investigação na origem deste estudo decorreu na Finlândia, nas cidades de Lahti e Tampere, envolvendo setenta e cinco crianças em idade pré-escolar.
Durante um mês, os locais onde passavam a maior parte dos seus dias foram mais naturais e com mais vegetação do que o habitual. Os investigadores comprovaram que a imunidade destas crianças saiu reforçada.
Acreditam que este reforço se deve ao facto de, quando expostas a estes ambientes, sejam capazes de desenvolver mais micróbios na pele. Quando comparadas com outras crianças com menos contacto com a natureza, o sistema imunitário sai reforçado.
Os mesmos investigadores defende que o aumento de doenças auto-imunes se explica pelo facto de os menores estarem menos expostos a micróbios, nas suas vidas.
Estas doenças auto-imunes são doenças crónicas (em que o sistema imunológico passar a produzir anticorpos contra o próprio organismo) crescem atualmente no mundo. Entre elas, estão artrite reumatóide, lúpus, asma, eczema, diabetes tipo 1, doença inflamatória intestinal, problemas renais e esclerose múltipla.
Apesar de este estudo ter contado com um número relativamente reduzido de participantes, pode dar algumas pistas sobre a evolução das doenças auto-imunes.
Sendo assim, uma das possibilidades para o aumento destas condições de saúde, pode ser o facto de as crianças estarem mais protegidas e menos expostas a micróbios do exterior. Assim, os organismos não estão preparados para reagir e resistir a determinadas ameaças.
Investigações anteriores mostraram relações entre a exposição a micróbios e o desenvolvimento de um sistema imunitário mais resistente. No entanto, este é o primeiro estudo a alterar deliberadamente o ambiente de crianças.
Em quatro dos dez infantários participantes, foram instalados relvados naturais, com uma série de arbustos, musgo e outras plantas. As crianças passaram uma média de 90 minutos por dia nestes espaços naturais e eram encorajadas a brincar com as plantas e com o solo.
Passado um mês, foram feitos testes de imunidade à pele das crianças. A diversidade de micróbios presentes era um terço superior ao das crianças de outros infantários, que não tinham sido adaptados. Também as análises ao sangue revelaram a existência de mais proteínas e células necessárias para reforçar o sistema imunitário.
Durante a investigação, foram dadas as mesmas refeições a todas as crianças enquanto elas estavam nos infantários, para que a alimentação não tivesse influência nos resultados.
16 de outubro 2020