O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) denunciou a descoberta de que metade das crianças entre os seis meses e os dois anos de idade, de 91 países, não faz o número mínimo de refeições recomendadas por dia, por não ter acesso a alimentos. Dois terços não têm a dieta variada necessária para garantir um desenvolvimento saudável.
O relatório divulgado esta semana pela UNICEF revela as dificuldades de muitas famílias em ter acesso aos alimentos necessários. Henrietta Fore, diretora da UNICEF disse em comunicado que os “resultados do relatório são claros: Numa fase em que muito está em jogo, milhões de crianças pequenas sentem a ameaça do fracasso”, pedindo à comunidade internacional um esforço maior para reverter a situação.
Segundo a organização, uma dieta pobre em nutrientes numa fase inicial da vida, pode danificar irreversivelmente o desenvolvimento físico e cerebral das crianças, “o que afeta a sua escolaridade, as suas perspetivas laborais e o seu futuro”.
O relatório foi divulgado antes da realização da Cimeira sobre Sistemas Alimentares da ONU, que se realiza hoje, dia 23 de setembro. Neste encontro, esperam-se compromissos de muitos Governos para transformar o modo como se produz, processa e consome comida.
O relatório também adverte para o aumento da pobreza, desigualdade, desastres climáticos, emergências sanitárias e conflitos armados, que contribuem para uma crise nutricional entre as gerações mais jovens. Dos 91 países em que a situação se revelou mais grave no acesso de crianças a refeições básicas, em 50, os padrões de má alimentação pouso se alteraram durante a última década.
A pandemia fez com que a percentagem de crianças que consomem o número mínimo de refeições diárias recomendado caísse um terço em 2020, comparado com 2018.
A UNICEF alerta para a importância da questão, esclarecendo que “as crianças ficam com as marcas de uma dieta pobre e de más práticas alimentares para o resto da vida. A ingestão insuficiente de nutrientes que se encontram em verduras, fruta, ovos, peixe e carne, que são necessários para sustentar o crescimento numa tenra idade, coloca as crianças em risco de desenvolvimento cerebral deficiente, dificuldades de aprendizagem, baixa imunidade, aumento de infeções e, potencialmente, morte”.
A UNICEF pede para que seja incentivada a produção, distribuição e venda de produtos ricos em nutrientes, para que a sua disponibilidade seja maior.
23 de setembro 2021