As regras sanitárias impostas pela pandemia de Covid-19 estão a afastar as crianças da prática de exercício físico e da alimentação saudável. Quem o afirma é a Ordem dos Nutricionistas e a Confederação de Treinadores de Portugal.
A Ordem dos Nutricionistas alerta mesmo para uma mistura perigosa e “explosiva” entre a má alimentação e a falta de atividade física, em muito auxiliadas pela crise pandémica.
Em declarações à rádio TSF, José Pereira, da Confederação de Treinadores de Portugal, diz que sem equipas a treinar e sem campeonatos onde participar, muitos jovens têm a sua prática de desporto dificultada.
O responsável explica que neste momento, equipas distritais e nacionais juvenis não têm as competições em que habitualmente participam organizadas. De uma forma geral, muitas crianças e jovens não têm onde praticar desporto.
José Pereira ironiza mesmo que o único exercício que crianças e jovens fazer neste momento é o dos polegares, referindo-se ao uso de telemóveis e tablets.
Por seu lado, a Ordem dos Nutricionistas alerta que, se aliada à falta de exercício físico estiver uma alimentação pobre em nutrientes e pouco saudável, as consequências podem ser muito negativas para as camadas mais jovens.
Também em declarações à TSF, a bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, fala na tal mistura explosiva. Cita um estudo da Direção-Geral de Saúde que concluiu que, durante o período de confinamento, “quase metade da população alterou os hábitos alimentares”, sendo que “42% alterou para pior”.
A bastonária destacou também que ficou claro que durante o confinamento, os hábitos alimentares pioraram. Teme-se que a quebra dos rendimentos das famílias, com a crise, possa contribuir ainda mais para maus hábitos alimentares nos mais novos.
A Ordem dos Nutricionistas pede medidas que permitam às crianças manter hábitos saudáveis, já que “se os agregados familiares diminuíram o seu rendimento, se estão a viver momentos de mais stress, se têm novos modelos de compra (…) poderemos estar a ter muitas famílias portuguesas com dificuldade em alimentar-se de forma correta”.
Alexandra Bento recorda também que, por causa da pandemia, a forma de comer nas escolas mudou, o que também põe em causa hábitos de alimentação saudável. Segundo a Ordem dos Nutricionistas, o acesso a alimentos nas escolas está mais dificultado por causa das regras de segurança sanitária.
Sendo a escola um espaço muito importante para promover uma alimentação saudável, a Ordem defende implementação de “medidas que, não pondo em causa a segurança das nossas crianças face ao contexto pandémico atual, lhes permitam mexerem-se e terem uma alimentação adequada”.
22 de outubro 2020