A Geração XXI, um conjunto de 8600 crianças acompanhadas desde 2005 por investigadores do ISPUP (Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto), vai agora contribuir para um novo estudo que se debruça sobre o impacto da maternidade nos rendimentos das mulheres.
Até que ponto a “desigualdade mais do que descrita entre homens e mulheres” também é influenciada pela gravidez e maternidade? Segundo notícia do semanário Expresso, mais mulheres estão a entrar em trabalhos part-time do que homens, e que além de as mulheres ganharem menos, estão também em maior risco de pobreza.
A influência e o impacto da maternidade nestes indicadores é o que Teresa Leão e Joana Amaro se propõem a investigar. O projeto desenvolvido pelas investigadoras, denominado MERIT – MothER Income InequaliTy, foi um dos cinco vencedores do concurso EEA Grants Portugal, do Espaço Económico Europeu.
A investigação terá 18 meses de duração, e conta com um financiamento de 100 mil euros. O objetivo final é a criação de um livro branco, para ajudar investigadores e decisores políticos a compreenderem o impacto que a maternidade tem nos rendimentos das mulheres.
Ao Expresso, Teresa Leão refere que “se há mais mulheres em trabalhos part time do que homens, se elas ganham menos (em Portugal, menos 16.7%) e têm um risco de pobreza aumentado, estes indicadores fazem-nos questionar se não poderá haver influência da maternidade, num país do sul da Europa em que a família ainda é tão importante”.
As investigadoras vão também estudar de que forma a pandemia afetou as mulheres que foram mães, durante esse período, analisando o impacto nas condições de trabalho e na disparidade entre homens e mulheres. Pretende-se também perceber de que forma é que políticas desajustadas às necessidades, em matéria de igualdade de género face à parentalidade, podem contribuir para uma maior degradação da saúde das mulheres.
4 de abril 2022