Foi revelado que as piores formas de trabalho infantil em Portugal, a prostituição e a mendicidade, aumentaram nos últimos anos. A informação foi dada pela Confederação Nacional de Ação Sobre o Trabalho Infantil (CNASTI).
Fátima Pinto, presidente da CNASTI, reconheceu à Rádio Renascença que não tem existido controlo sobre este tipo de fenómenos de trabalho infantil em Portugal, e que nas “últimas conferências que fizemos, essa foi uma constatação de que as piores formas de trabalho infantil continuam a aumentar no país.”
Segundo a alta responsável, “muita gente não gosta de considerar na prostituição e a mendicidade como trabalho infantil”, mas que são assim consideradas, “para se poder atuar e punir os países que exploram essa realidade de forma mais endémica”.
Fátima Pinto considera que é necessário que todas as entidades que lidem com crianças e famílias estejam atentas a este tipo de exploração, a começar pela Polícia Judiciária. A responsável reforça que “é importante que todos os pais estejam atentos. É importante que todos os pais protejam os seus filhos. É importante que a sociedade esteja atenta a todos os sinais”.
A presidente da CNASTI acrescentou também que em Portugal existe a preocupação de combater este problema, mas que estas situações acontecem, na sua maioria de maneira bastante discreta e complicada de detetar. Ainda assim, “as organizações que fazem investigação nessa área apercebem-se que tem havido um aumento” do número de casos de exploração infantil.
Segundo Fátima Pinto, o aumento de situações de pobreza, relacionadas com as dificuldades económicas provocadas pela pandemia, está a contribuir para o crescimento do fenómeno. O diagnóstico da CNASTI foi revelado ao mesmo tempo que decorria em Durban, na África do Sul, a V Conferência Mundial sobre a Eliminação do Trabalho Infantil, que contou com uma mensagem do Papa Francisco.
24 de maio 2022