Uma história dramática, trágica, mas repleta de esperança e união. Quando às 20 semanas de gravidez, a britânica Sophie Murfin descobriu que a sua bebé sofria do síndrome HLHS, uma doença congénita que impede o desenvolvimento do coração, o mundo desabou.
Foi-lhe dito que a bebé não viveria mais do que alguns dias ou semanas, depois de nascer. O staff do hospital de Bristol, onde Sophie foi acompanhada, fez tudo o que pode para que, no meio de uma pandemia e período de confinamento, a gravidez pudesse seguir de formal normal e que a curta vida da bebé Violet fosse feliz.
Bebé Violet e 11 dias de sol
Como é possível lidar com o sentimento e a expectativa, de saber que uma bebé vai nascer de forma normal e completamente saudável, além de um coração que não vai poder bater?
Médicos, enfermeiros e restante staff do hospital aconselhou Sofie a viver a sua gravidez de forma normal e a criar uma espécie de bucket list, uma lista de desejos e momentos a viver, antes do trágico desfecho.
Apesar de a esperança de vida da bebé Violet ser extremamente curta, foi garantido que viveria sem dor. A família começou a planear para os poucos momentos que teria com Violet, quando se depararam com a falta de cuidados paliativos na infância, uma temática pouco discutida no Reino Unido.
Violet Ellen Murfin nasceu a 24 de maio, três dias antes do parto induzido previamente planeado. Não precisou de ser ligada a máquinas ou de tomar qualquer tipo de medicação.
Mãe e filha receberam cuidados constantes da equipa de parteiras do hospital de St. Michael’s, enquanto a restante equipa tentava encontrar uma ambulância que pudesse transportar Violet em segurança até Cwumbran, no País de Gales.
O grande desejo era que Violet pudesse conhecer a bisavó, a quem tinha sido diagnosticado um cancro terminal no início do ano. A equipa hospitalar, que se voluntariou completamente para ajudar a família Murfin, foi bem-sucedida e a bebé foi transportada em segurança até à pequena cidade galesa.
Violet conheceu a bisavó e viveu durante 11 dias, repletos de sol. Em declarações ao Wales Online, Sophie referiu que nunca choveu durante a curta vida da sua filha, uma ocorrência rara naquele país durante a primavera.
Foram cumpridos os desejos da lista, que incluiu o batizado, ir ao parque e celebrações familiares. Violet e a bisavó acabaram por falecer no mesmo dia, 3 de junho, com apenas 3 horas de diferença.
Sophie trabalha agora para trazer esperança a pais que estejam a passar pela mesma situação, enquanto angaria fundos para a equipa do hospital de St. Michael’s, em Bristol, que em plena pandemia, conseguiu ajudar a sua bebé a viver 11 dias cheios de sol e amor.