O que contam os contos e fábulas infantis? A tarefa mais importante e mais difícil na educação de uma criança é ajudá-la a encontrar um significado para a sua vida. Um dos meios para estimular a criança a encontrar o seu caminho é proporcionar-lhe novas vivências e incentivar a partilha de experiências.
O que contam os contos e fábulas infantis?
Ao ouvir as histórias dos contos tradicionais e fábulas infantis, por vezes, a criança pode identificar-se com os sentimentos, medos e angustias vividos pelas personagens ou com situações específicas.
A forma como os acontecimentos se desenrolam e a própria moral da história, podem ajudar a criança a identificar os seus próprios sentimentos, a procurar uma solução para os seus problemas, a compreender o que motiva os outros e, assim, estabelecer relações mais satisfatórias consigo e com eles.
A capacidade de fantasiar sobre uma existência diversa da nossa, de construir novos mundos habitados por personagens fantásticas, promove o desenvolvimento não só da criatividade e da inteligência emocional mas também da vontade de descobrir sempre mais e de representar papéis diferentes daqueles que vivemos no dia-a-dia.
Para não ficarmos sujeitos aos acasos e desventuras da vida, devemos desenvolver a capacidade de sonhar, de pensar de forma positiva e ter esperança no futuro. Acreditar que há sempre uma forma de transpor os obstáculos e que, trabalhando com esforço e com os objetivos em mente, conseguimos alcançar o que nos propomos.
Esta é uma lição que podemos facilmente aprender em várias fábulas (como a Tartaruga e a Lebre ou a Cigarra e a Formiga ) e um legado que nos chega de autores do passado. São estas pequenas histórias que, partilhadas com os nossos filhos, também os ajudam a compreender o mundo e avançar perante as dificuldades da vida.
A importância dos contos tradicionais hoje em dia [1]
Os contos tradicionais ensinam-nos, num registo curto e cheio de sentido, a crescer de forma segura. A sua função, ao longo dos séculos, era levar os ouvintes ou os leitores a vivenciar episódios que, metaforicamente falando, se assemelhavam à vida real. É essa a grande vantagem.
O nosso subconsciente retira dos contos o que, para nós e naquele momento, é necessário apreender. E isso leva-nos a outra enorme vantagem: nem todos interpretamos os contos da mesma forma, o que é uma mais-valia preciosa. Para além disso, aprendemos a contar histórias, em cada conto, em cada ideia.
[1] Margarida Fonseca Santos, escritora de livros de crianças para todas as idades, in entrevista à revista Bertrand, fevereiro 2014
Bibliografia
- A Psicanálise dos Contos de Fadas, Bruno Bettelheim, edição novembro de 2011, Pergaminho
- Educar Com Bom Senso, Javier Urra, edição maio de 2010, A Esfera dos Livros
- As Fábulas de Esopo, edição fevereiro de 2011, Civilização Editora
- As Fábulas de Jean de La Fontaine, edição dezembro de 2010, Civilização Editora