Os pais “millenium” passam três vezes mais tempo com os filhos em comparação com os de gerações anteriores. Os pais “millenium” são conhecidos como os da geração Y, nascidos entre 1980 e 1995.
Mas não me refiro aos pais e mães em conjunto. Refiro-me sim, aos pais, na qualidade de nome comum masculino plural . Este foi o resultado de uma sondagem conduzida pelo Pew Research Center, um instituto norte-americano especializado em estatística.
Mais precisamente, o estudo revelou que em 1965 os pais norte-americanos passavam uma média de 2,5 horas semanais a cuidarem dos filhos. Em 2016, aquele número tinha mais que triplicado, para 8 horas semanais. Em duas gerações deram-se, pois, grandes mudanças nas dinâmicas familiares.
Mas há muitos mais estudos que testemunham uma participação cada vez mais ativa dos pais na vida dos filhos. Acompanhe-me neste artigo para saber mais.
Uma preciosa componente humana num mundo digital
Efetivamente, nem tudo é mau, como se ouve e lê por aí, para as crianças que crescem no mundo atual. Se por um lado, o mundo dos smartphones e tablets ganha cada vez mais terreno, existe uma componente humana que tem crescido paralelamente. Esta componente, é como terá já deduzido, um maior envolvimento do pai na educação dos filhos. Com os pais “millenium” essa tendência é ainda maior.
Esta tendência só pode ser benéfica. Porquê? Porque esse envolvimento está a mudar a perceção dos miúdos em relação ao mundo. Muda igualmente a perceção que os miúdos têm sobre eles próprios. Altera ainda a dinâmica familiar de forma positiva. Consequentemente, a sociedade está a evoluir no sentido de uma maior igualdade entre os géneros.
Os pais “millenium” querem ter o mesmo envolvimento que as mães
Cada vez mais testemunhamos o crescente envolvimento dos pais na vida dos filhos. Vê-se cada vez mais pais a empurrarem, orgulhosamente, o carrinho do seu bebé, pai e filho no supermercado, na natação, no parque, ou a irem embora da escola ao fim do dia.
As estatísticas confirmam. Com efeito, um estudo da Universidade de Warwick, no Reino Unido, indicava que em 1982, 43% dos pais nunca tinham mudado uma fralda. Em 2000 essa percentagem tinha descido vertiginosamente, para 3%. O mesmo estudo refere-se a um outro estudo de 2010, o qual indicava que 65% dos homens tinham um papel muito ativo na mudança da fralda.
Estas percentagens referem-se à realidade britânica. Contudo, em Portugal os índices não deverão ser largamente diferentes com os pais “millenium”.
Outra investigação do Instituto Nacional de Estatística Norte-Americano revelou que o envolvimento paterno na muda da fralda, banho e outros cuidados, fortalece a relação pai-filho.
Portanto, os pais “millenium” levam a paternidade muito a sério pois estão muito mais envolvidos na vida dos filhos do que os pais de há duas gerações atrás.
O pai na construção de uma sociedade mais igualitária
Outro estudo da Universidade de Boston, nos EUA, confirma que a mentalidade dos pais “millenium” é caracterizada por uma maior igualdade nos cuidados prestados aos filhos. Estes pais defendem ainda a igualdade na partilha das tarefas parentais e domésticas.
É verdade que em muitos casos essa igualdade ainda não existe. Contudo, para lá caminhamos. A verdade é que os pais “millenium” despendem mais tempo com os filhos e com as tarefas caseiras do que os de gerações anteriores. E isso é muito positivo, a vários níveis.
Vários benefícios na vida dos filhos
Os pais que se envolvem ativamente na vida dos filhos promovem mudanças muito benéficas. Estas mudanças refletem-se diretamente nos filhos e, como vimos, na sociedade em geral. Ao envolverem-se nas tarefas parentais, os pais estão, assim, a:
- Ensinar às filhas que estas têm direitos iguais aos rapazes
- Ensinar aos filhos que as tarefas domésticas não são uma exclusividade feminina
- Promover um relacionamento mais forte com os filhos
- Solidificar o seu casamento/relacionamento com a companheira
Solidificar o casamento/relacionamento? Mas como? Com efeito, vários estudos revelaram que quando o pai se envolve nas responsabilidades parentais, o seu relacionamento com a companheira fortalece.
O complexo de culpa também afeta os pais
Apesar desta evolução no sentido de um maior envolvimento dos pais na vida dos filhos, não estamos, como se viu, em pé de igualdade. As mães continuam com a maior fatia do bolo no que concerne responsabilidades parentais e domésticas. As mães passam mais tempo a executar múltiplas tarefas simultaneamente. Têm menos tempo para descansar e lazer.
Por outro lado, há cada vez mais pais empenhados em passaram mais tempo com os filhos. Contudo, ficam impossibilitados devido a barreiras laborais.
Com efeito, as políticas laborais impedem que os pais em geral se envolvam mais na vida dos filhos e isso afeta negativamente a família no seu todo. É por isso necessário que as leis laborais mudem, para refletir as aspirações da nova geração de pais. São necessárias leis laborais que promovam uma maior equilíbrio entre casa (família) e trabalho.
Assim, estes poderão envolver-se como desejam na vida dos filhos, beneficiando toda a família. Isso, sem perderem a oportunidade de perseguirem os seus sonhos e objetivos laborais.