Investigadores acreditam que as crianças precisam de brincar mais tempo e sem regras definidas. Explicam mesmo que os adultos ainda não aceitaram que brincar vale por si e não precisa de um propósito.
“As crianças têm poucas oportunidades de brincar livremente, com regras criadas por elas”.
Teresa Sarmento, investigadora na área de Estudos da Criança e professora no Instituto de Educação da Universidade do Minho.
Ao brincarem, as crianças estão a explorar, inventam cenários e situações que lhes vão permitir descobrir e compreender melhor o ambiente que as rodeia, os outros e a si próprias. Os investigadores defendem que os adultos tendem a olhar para a brincadeira mais pelo lado dos ganhos de competência, o que, muitas vezes, pode criar uma grande pressão sobre os mais pequenos.
Aqui é que reside o verdadeiro desafio para os pais e cuidadores: esquecerem o resultado final das brincadeiras e deixarem as crianças brincar de forma livre, com as suas próprias regras. A ideia é não haver um adulto a ditar o que pode ou não acontecer.
Brincar é um comportamento completamente natural e dinâmico nas crianças, pelo que deve ser respeitado. Quando assim deixa de o ser – com regras, agendas e pressões – pode tornar-se enfadonho para os mais pequenos.
No entanto, há falta de algo muito importante: tempo. “As crianças precisam de muito tempo para brincarem livremente. A questão é como é que o tempo está organizado, e está muito organizado em função do tempo dos adultos”, explica Teresa Sarmento.
A investigadora refere que a própria escola esquece-se do direito da criança a brincar. E as redes sociais não deixam espaço para brincadeiras espontâneas, já que muitas crianças e jovens já levam telemóveis para as escolas e, consequentemente, para os recreios e intervalos.
Por isso, já sabe: deixe o seu filho brincar! As crianças “são laváveis” e as experiências ficam para sempre.
15 julho 2024