O período de isolamento que todos atravessamos pode ser em muitos níveis altamente doloroso do ponto de vista mental.
A quebra de rendimentos que muitas famílias se confrontam ou a incerteza e a ansiedade que se gera num confinamento obrigatório, pode degenerar num sentimento de angústia que atinge o indivíduo com muita intensidade.
No seio desse grande desconforto, a família tem uma quantidade de emoções, muitas delas negativas para gerir, não podendo obviamente recorrer a opções, que fora do estado de emergência poderia.
O desporto ao ar livre tornava-se muito importante para muitas pessoas, como se diz de maneira corriqueira para “arejar a cabeça”. Um café com os amigos também, ou a visita às tias da aldeia no fim de semana. E sair, muitas vezes tem um fator benéfico quando lidamos com as emoções e com a sua gestão.
Neste estado de isolamento, essa possibilidade pode estar mais condicionada, sendo necessário que o desconforto sentido ou o aumento dos níveis de stress e ansiedade sejam confinados, também, ao espaço físico que as famílias dispõem.
Existe assim neste cocktail uma grande possibilidade de as roturas familiares acontecerem, sendo potenciadas pela situação atual e/ou por questões anteriores que ficaram por resolver.
Pelo aumento da proximidade física, nesta fase o despoletar de conflitos abertos e separações pode surgir com mais frequência e intensidade.
Não deixa de ser um pouco redutor tentar sugerir técnicas para gerir conflitos sem conhecer a especificidade de cada situação ou a realidade que os elementos da família estão neste momento a atravessar.
As técnicas ou estratégias devem ser adaptadas o mais possível à natureza do conflito bem como às partes envolvidas com as suas características pessoais e intransmissíveis.
Em todo o caso, é importante que cada indivíduo considere acima de tudo que esta fase é propícia ao aparecimento de atritos nas famílias e estar ciente disso pode desde já ser um fator importante a levar em consideração.
Assim, a prevenção é sempre o melhor caminho. Compreender esta situação e agir de maneira o mais assertiva possível, tranquila e encarar esta fase como transitória, tentando manter as rotinas, reservar nem que sejam 10 minutos por dia exclusivamente para si, podem ser pontos benéficos para a manutenção de uma sensação de calma e ponderação, evitando escaladas.
Não obstante, em momento algum, esta situação deve servir como escudo para casos em que a violência possa degenerar.
Se estiver a passar por uma situação dessas ou perceber que de alguma maneira possa estar em perigo, peça ajuda, sem medo e sem receio. Apesar da pandemia que atravessamos, os serviços de apoio estão ativos e preparados para o apoio necessário.