As preocupações de dezenas de pais com o regresso às aulas encontrou, num movimento criado nas redes sociais, a plataforma para exprimir desacordo com as medidas da Direção-Geral de Saúde (DGS). O novo ano letivo começa dentro de poucos dias.
A poucos dias do regresso às aulas, são muitos os pais portugueses que estão preocupados com o bem-estar emocional dos filhos na escola, no contexto das novas regras de contingência quanto à COVID-19.
Ainda que as medidas de segurança e higiene sigam diretrizes claras, o regresso às aulas de crianças que passaram vários meses em confinamento, com aulas online, vai ter impacto na sua saúde emocional e mental.
Por considerar que a DGS não tem em conta as necessidades das crianças, Dulce Cruz, designer e criadora de conteúdos, juntou as questões levantadas por vários pais no movimento Assim Não é Escola, lançado no passado dia 22 de agosto.
Este movimento quer garantir uma escola física e emocionalmente segura para todos. Além de Dulce Cruz, fazem parte deste grupo 23 mães e pais que consideram que a escola não é segura enquanto as necessidades afetivas das crianças não forem atendidas. Tendo em conta, sobretudo, as medidas da DGS no combate à COVID-19 nas escolas, que estes pais consideram impeditivas do bem-estar global dos filhos.
Em declarações à MAGG, Dulce Cruz afirma que o movimento pede “a revisão de algumas diretrizes da DGS para o regresso às aulas” e que “este movimento é para dar voz a estas preocupações, permitindo que mais mães e pais possam dar o seu contributo para uma escola mais próxima das famílias”.
#assimnãoéescola no regresso às aulas
O movimento Assim Não é Escola não concorda, por exemplo, com o uso ininterrupto de máscaras e que estas não devem ser usadas por crianças com menos de 12 anos. Também não concordam com o distanciamento físico, considerando que estas medidas afetam o bem-estar diário das crianças, impedindo vínculos entre colegas, educadores e professores.
Estão também contra a proibição da presença dos pais nas escolas. Segundo a DGS, a entrega das crianças deve ser feita à porta das instalações nos estabelecimentos de ensino.
À MAGG, Dulce Cruz explicou que, sobretudo para crianças pequenas, “pedimos que os pais possam, todos os dias, entregar a criança ao seu cuidador principal dentro da escola, para que a conversa, mesmo que sucinta, permita à criança entender que vai ficar com alguém com quem temos uma relação de confiança. (…) propomos que seja criado um espaço intermédio exclusivo para este efeito”.
O movimento Assim Não é Escola propõe então medidas como o desfazamento de turmas, investimento extra na higienização de espaços e lavagem de mãos e na não diminuição dos intervalos.
Apelam também a uma atenção redobrada ao estado emocional das crianças. Apoiados por psicólogos e terapeutas, os pais do movimento estão a criar várias ferramentas para que as medidas de segurança física, não ponham em causa o bem-estar emocional dos alunos portugueses.
Tudo para que o regresso às aulas e à rotina tão repentinamente interrompida no início do mês de março, não seja interpretada como um “abandono”, sobretudo pelas crianças mais pequenas.