2019 registou o valor mais baixo de sempre em termos de mortalidade infantil, nas crianças com menos de cinco anos. Organizações internacionais como a UNICEF, alertam para o facto de que a Covid-19 pode deitar tudo a perder.
No ano passado, os valores mínimos de mortalidade de crianças com menos de cinco anos foram históricos. Contudo, a pandemia de Covid-19, formalmente declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em fevereiro passado, pode reverter décadas de progresso neste sentido.
O alerta vem de organizações como a OMS, Organização das Nações Unidas (ONU), UNICEF, Banco Mundial e da divisão dedicada à População do Departamento de Economia e Ação Social das Nações Unidas.
Um relatório publicado e divulgado por estas organizações, esta quarta-feira, 2019 ficou marcado com o valor mais baixo de sempre no número de mortes de crianças com menos de cinco anos de idade – 5,2 milhões. Vinte e nove anos antes, em 1990, o número registado foi de 12,5 milhões.
Apesar de obviamente ainda não existirem contagens oficiais para 2020, têm-se registado alterações nos serviços de saúde, que podem levar a um aumento do número de mortes de crianças que podiam ser evitadas.
Outro estudo complementar da UNICEF, realizado durante o verão em 77 países, concluiu que 68% dos territórios reportou disrupções nos serviços de saúde infantil. Por exemplo, nos programas de imunização. 63% reportou constrangimentos nas consultas pré-natais e 59% nos cuidados pós-natais.
O relatório da OMS baseou-se nas respostas de 105 países, concluindo que mais de 50% sofreu estas mesmas disrupções no tratamento e/ou acompanhamento de crianças doentes e malnutridas.
As razões para esta regressão na saúde, e eventualmente, na mortalidade infantil, baseiam-se em grande parte no receio dos pais em levarem os filhos a receber cuidados de saúde, com receio de serem infetados com o novo coronavírus.
Para esta situação também contribuem as restrições ao nível de transportes, as alterações e limitações nos horários de atendimento, a escassez de materiais de proteção, como luvas e máscaras, e a falta de profissionais qualificados.
Henrietta Fiore, diretora da UNICEF afirma em declaração oficial que ” a comunidade global chegou muito longe no que diz respeito a eliminar mortes evitáveis em crianças para permitir que a pandemia de covid-19 nos desvie deste caminho”.
A responsável avisa que é necessário um investimento urgente para “reiniciar os serviços e sistemas de saúde que sofrerem disrupções”, porque estão em risco “milhões de crianças com menos de cinco anos e especialmente recém-nascidos”.
Antes da pandemia, os países mais afectados em termos de mortalidade infantil eram o Afeganistão, Bolívia, Camarões, Iémen, Líbia, Madagáscar, Paquistão, República Centro-Africana e Sudão. Em sete destes países, a mortalidade infantil está registada com 50 mortes por cada 1000 nascimentos.
A Covid-19 pode vir a agravar ainda mais a situação.