Uma equipa de investigadores identificou uma mudança repentina no propósito do sono, em crianças pequenas. A razão pela qual precisamos de dormir altera-se efetivamente com a idade, e bem mais cedo do que se pensava.
Novas pesquisas, registadas na publicação New Atlas, explica que quando as crianças têm cerca de dois anos de idade, o papel do sono muda. Passa de ser uma atividade que auxilia o cérebro no seu desenvolvimento, para uma com função reparadora.
A publicação explica que a descoberta foi conseguida através de uma análise de mais de meia centena de estudos sobre o sono, tanto em humanos como animais.
Os dados foram recolhidos durante o restreamente do sono total e as durações do sono REM (Rapid Eye Movement). Ao mesmo tempo, consideraram-se também mudanças no desenvolvimento do cérebro e do tamanho do corpo.
Perante os resultados, foi possível concluir que quando a criança atingia os dois anos, o sono REM diminuía. Os dados eram consistentes em todas as espécies analisadas, desde porcos a coelhos. Quando estes atingiam o seu equivalente a dois anos e meio de um ser humano, verificava-se uma queda acentuada no volume de sono REM.
Os investigadores descobriram que, até aos dois anos, o crescimento e reorganização sinápticos, elementos que sustentam a aprendizagem e formação da memória, passam a ser o principal objetivo do sono.
Depois dessa idade, o propósito do sono passa a ser dominado por reparação e limpeza ou manutenção. A transição entre as duas fases não é um processo gradual. Decorre até num curto período de tempo. Os investigadores compararam a transição à passagem de água a gelo.
O estudo sugere que enquanto os bebés recém-nascidos passam cerca de 50% do seu tempo total de sono na fase REM, com 50 anos de idade, uma pessoa gasta apenas 15% do sono em REM.
Citados pela revista, os investigadores do estudo identificaram o “ponto de inflexão específico como ocorrendo numa idade inesperadamente precisa de cerca de 2,4 anos, refletindo uma mudança crítica de desenvolvimento fisiológico ou cerebral”.
Acrescentam ainda que “em todos os casos, vemos uma mudança brusca na escala do sono durante este período de desenvolvimento inicial que, pelo que sabemos, nunca foi associada a uma mudança na função do sono”.