Um novo estudo científico prova que brincar com bonecas desenvolve a empatia e as competências sociais das crianças. Os resultados do estudo comprovam que as regiões cerebrais associadas ao processamento de informações sociais são ativadas durante a atividade.
Mesmo quando brincam com bonecas sozinhas, sem outras crianças ou adultos por perto, a atividade permite às crianças trabalhar competências. A empatia é desenvolvida, quando se compara este tipo de brincadeira com o tempo passado num tablet, por exemplo.
O estudo foi desenvolvido pela Barbie (marca propriedade da Mattel), em conjunto com a Universidade de Cardiff.
Os resultados do Exploring the Benefits of Doll Play through Neuroscience têm por base um inquérito global em vinte e dois países. Foram questionados quinze mil pais, relativamente à inteligência emocional das crianças.
Durante os últimos 18 meses, a professora universitária Dra. Sarah Gerson da Universidade de Cardiff, utilizaram a tecnologia da neuroimagem para fornecer as primeiras evidências cerebrais sobre os benefícios de brincar com bonecas.
Através da monitorização da atividade cerebral de mais de trinta crianças, com idades compreendidas entre os quatro e os oito anos, enquanto brincavam com uma variedade de bonecas Barbie.
A equipa descobriu que o sulco temporal superior posterior (pSTS), uma região do cérebro associada ao processamento de informações sociais, como a empatia, foi ativado mesmo quando a criança, menino ou menina, se encontrava a brincar sozinha.
Para reunir os dados para o estudo, os investigadores dividiram a atividade lúdica em diferentes categorias, de forma a conseguir registar, separadamente, a atividade cerebral relacionada com cada tipo de brincadeira.
Desde brincar com bonecas sozinho a brincar com bonecas com outra pessoa (um assistente da investigação) e também jogar um jogo no tablet sozinho e jogar um jogo no tablet com outra pessoa (um assistente da investigação).
Os resultados do estudo mostram que, quando as crianças brincam sozinhas com bonecas, apresentam os mesmos níveis de ativação do pSTS que são registados quando brincam com outras pessoas.
Outra descoberta interessante passa pela reduzida ativação do pSTS em crianças que são deixadas sozinhas a jogar no tablet, apesar de se tratarem de jogos que envolvem a estimulação da criatividade.
O desenvolvimento das capacidades empáticas e sociais, são fundamentais para a inteligência emocional das crianças. Os resultados globais mostraram que 91% dos pais classificaram a empatia como uma competência social que gostariam que os seus filhos desenvolvessem, mas apenas 26% estavam cientes de que brincar com bonecas pode ajudar as crianças a desenvolver essa qualidade.
Em Portugal, 47,6% dos pais inquiridos afirma que a temática da inteligência emocional ganhou uma nova relevância no atual contexto pandémico, sendo que 59,8% se mostraram bastante preocupados com o modo como o COVID-19 pode afetar os filhos e a forma como interagem com os outros.
2 de outubro 2020