Um estudo publicado pelo jornal científico Nature Food, concluiu que crianças podem estar a ingerir milhões de microplásticos por dia, através do uso dos biberões. Esterilizar estes recipientes a altas temperaturas pode ter efeitos nocivos.
O processo bastante comum, e tido como uma segurança extra por parte de pais e mães, de esterilizar os biberões, pode estar a ter efeitos menos seguros, se o recipiente em questão for de plástico.
A prática de ferver os biberões em água antes de se preparar o leite, continua a ser recomendada. Contudo, tratando-se de recipientes de plástico, este processo gera “milhões de micoplásticos”, e “triliões de partículas ainda menores, os nanoplásticos”, que são ingeridos pelas crianças, de acordo com o que apuraram os investigadores.
Este estudo promete ser um marco no campo da investigação, por concluir que a exposição do corpo humano às pequenas partículas de plástico libertadas no processo da fervura ser muito maior do que se pensava.
John Boland, investigador deste estudo e professor no Trinity College, em Dublin, destacou a surpresa ao descobrir o número de microplásticos ingeridos por bebés diariamente.
Um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS), publicado no ano passado, revelava que os adultos consomem entre trezentos a seiscentos microplásticos por dia. O valor médio para bebés e crianças que usam biberão está na ordem dos milhares ou milhões.
Os biberões em plástico testados no âmbito deste estudo são os mais habitualmente usados. Representam mais de 80% deste mercado, a nível mundial.
Os efeitos de contaminação dos microplásticos no ambiente e na comida já eram conhecidos. O que o estudo mostra, é que o processo de preparação de alimentos em recipientes de plástico, como é o caso do leite dos bebés, atinge um grau de exposição no organismo que é muito maior do que previsto.
Existe a possibilidade de as pequenas partículas de plástico serem simplesmente expelidas pelo organismo, mas também podem ser absorvidas pelo sistema sanguíneo. Assim são transmitidas a outros órgãos e afetam o sistema imunitário.
De acordo com os investigadores torna-se urgente estudar ainda melhor os efeitos do microplástico no organismo de crianças e bebés, no sentido de as ameaças à saúde humana se tornarem mais factuais.
Os cientistas que desenvolveram este estudo, divulgado pelo jornal britânico The Guardian, aconselham que sejam usados biberões de vidro para alimentar bebés e crianças, em vez de polipropileno (plástico).
21 de outubro 2020