Os níveis de pobreza infantil apresentam-se elevados em Portugal. A UNICEF alertou esta semana para a situação, sublinhando que se estima que estejam mais de 22% de crianças a viver nesta situação, sobretudo devido aos baixos rendimentos das famílias portuguesas.
Os dados são da Eurostar, relativos a 2019. Constam do relatório divulgado pela UNICEF, no âmbito de um trabalho realizado a nível internacional.
Segunda esta organização das Nações Unidas, “a taxa de risco de pobreza é mais elevada em famílias com filhos, nomeadamente, em famílias numerosas (30,2%) e em famílias monoparentais (33,9%)”.
Para a agência da ONU para a infância, a presença de crianças no agregado familiar continua a estar associado a um risco de pobreza maior. Segundo a análise, estima-se que serão necessárias cinco gerações, para que o descendente de uma família de baixo rendimento consiga alcançar o rendimento médio.
Para esta conclusão, a UNICEF apoia-se nos dados de 2018 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Segundo esta organização, Portugal tem um dos níveis mais altos de desigualdade de rendimentos da União Europeia e da própria OCDE.
Em comunicado, a diretora executiva da UNICEF Portugal, Beatriz Imperatori, afirmou que a atual crise provocada pela pandemia de Covid-19 vai contribuir para um impacto ainda mais desproporcionado nas crianças, mulheres e raparigas.
Está mesmo presente uma ameaça de inverter os ganhos conquistados na luta pela igualdade de género.
Dados do Banco Mundial e da UNICEF sugerem que a maioria dos países respondeu à crise através da expansão de programas de proteção social, particularmente transferências monetárias. Quando bem alinhados, podem se traduzir em vantagens.
Contudo têm dado sido dadas muitas respostas a curto prazo que não têm sido adequadas para responder à dimensão do problema. Portugal inclui-se neste grupo.
A UNICEF Portugal apela para uma abordagem à pobreza baseada nos direitos das crianças, ao promover uma alteração de paradigma e análise das suas causas e fatores.
Segundo recomendação da agência, é indispensável que a resposta às crises inclua medidas destinadas para aumentar o rendimento das famílias portuguesas, o acesso a serviços sociais, a educação e saúde de qualidade desde os primeiros anos de vida, intervenção precoce, transportes e mobilidade, e melhoria das condições de habitabilidade.
21 de outubro 2020