A linha “Crianças em Perigo”, criada durante o primeiro confinamento, recebeu cerca de 470 chamadas em seis meses. A maior parte dos telefonemas foi feito com pedidos de anonimato e com a necessidade de denunciar situações muito graves.
A linha, que funciona através do número 961 231 111, foi criada durante o confinamento para aceder a situações de perigo, como uma ajuda extra no âmbito da campanha “Proteger crianças compete a Todos”. Foi criada pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens.
Em declaração à Agência Lusa, Rosário farmhouse, presidente da presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens (CPDPCJ) explicou que esta linha telefónica nasceu em plena pandemia para mostrar à sociedade que cada um tem a obrigação de proteger as crianças.
A responsável destacou a preocupação em ter acesso a situações de potencial perigo que estariam “fechadas em casa” e fora do alcance da ajuda da comissão e da denúncia escolar.
Segundo Rosário Farmhouse, a linha telefónica nasce, não para substituir a normal relação entre as pessoas e as várias entidades com as Comissões de Proteção das Crianças e Jovens (CPCJ), mas antes como uma “ferramenta extra”.
Desde 19 de maio foram recebidas na linha cerca de 470 chamadas, entre comunicações de perigo, algumas relacionadas com o exercício das responsabilidades parentais, outras de caráter mais grave.
Estas comunicações provinham “muitas vezes de familiares”, revelou Rosário Farmhouse, acrescentando que muitas dessas comunicações eram feitas sob a forma de anonimato, “dada a proximidade que tinham com a situação e até situações bastante graves”.
A responsável da CPDPCJ admite que a Comissão sente que tem vindo a ter um aumento das comunicações de perigo, especialmente de pessoas a solicitar o anonimato, a relatar problemas graves. Problemas sobretudo relacionados com maus tratos físicos e psicológicos severos.
Rosário Farmhouse apontou que, além da linha telefónica, foi também disponibilizado no site da CNPDPCJ, a partir do dia 1 de junho, um formulário para que qualquer pessoa possa reportar uma possível situação de perigo, e por essa via já chegaram 570 comunicações que foram diretamente para a CPCJ competente.
O aumento da pobreza e do desemprego, provocados pela pandemia, ajudou a agravar situações de conflito “transversais a todas as classes sociais”.
“A invisibilidade da situação durante a pandemia agravou-se e, quando o caso chega às comissões, é porque alguém resolve tomar a iniciativa de comunicar e já está realmente grave”, explicou Rosário Farmhouse, admitindo também que o número de chamadas e formulários significa que as pessoas têm uma consciência maior do seu papel na vida das crianças em perigo.
19 de novembro 2020