As notas de matemática dos alunos do 4º ano desceram consideravelmente, em relação aos resultados obtidos em 2015. Portugal ficou em 20º lugar entre 58 países analisados. A consequência vai ser uma revisão do programa da disciplina.
Segundo o secretário de Estado Adjunto da Educação, João Costa, o programa de matemática vai ser revisto, não só para integrar novos tomas como conhecimento computacional e programação, mas também para reverter o insucesso nesta disciplina.
Os resultados foram divulgados no TIMSS (Trends in International Mathematics and Science Study), um estudo internacional que avalia o desempenho dos alunos dos 4º e 8º anos de escolaridade a MAtemática e a Ciências.
Justificação para os maus resultados a matemática
Em declaração aos jornalistas, João Costa continua a manifestar preocupação com a matemática, “é a disciplina que tem mais insucesso, aquela de que é mais difícil recuperar quando se tem uma retenção, a mais marcada pelas desigualdades socioeconómicas”, mesmo sendo alvo de investimento de horas e professores.
A proposta de revisão do programa da disciplina vai ser pedida ao mesmo grupo de trabalho que em 2018 já apresentou um relatório com recomendações para a melhoria da aprendizagem.
Pretende-se que se olhe para o programa como um todo, para fazer as alterações necessárias ao que já está em vigor desde 2009, que antecipou metas do 5º para o 3º ano, exigindo um nível de raciocínio abstrato. Esta questão já foi identificada como uma das cuasas que gerou dificuldades na aprendizagem da matemática.
O secretário de Estado recusou comprometer-se com uma data para a entrada em vigor do novo programa. A proposta será alvo de consulta pública e a sua aplicação será “sempre gradual”, garantiu.
A divulgação deste relatório ficou ainda marcada pelas críticas a Nuno Crato, ex-ministro da Educação. João Costa atribui responsabilidades a Crato, atribuindo diretamente a culpa pela estagnação ou queda de resultados às reformas aplicadas entre 2012 e 2015.
A disciplina de ciências também revelou algumas lacunas, que serão contempladas em currículo.
Dentro do conjunto de fatores que parecem contribuir para este problema, o contexto socioeconómico das famílias é o mais pesado. Alunos do 4º ano com mais recursos em casa que favorecem a aprendizagem (como livros, ligação à Internet, tutoria ou pais com cursos superiores) tiveram em média, mais 108 pontos a matemática e mais 94 pontos a ciências do que os colegas com poucos recursos.
A frequência do pré-escolar é outro fator com importância provada. Os alunos do 4º ano que não frequentaram infantário/jardim de infância, tiveram os piores resultados, em relação àqueles que passam três anos no ensino pré-escolar.
9 de dezembro 2020