Esta história não aconteceu hoje nem ontem. Foi em 2019, em França, mas é uma história que se vai repetindo por esse mundo fora, ao longo dos anos. Evaëlle, uma menina inteligente e alegre de 11 anos suicida-se devido ao bullying do qual era vítima na escola. A vida da menina tinha-se tornado um inferno.
O bullying perpetrado por colegas e… uma professora.
Os insultos, ameaças e mesmo violência física de que era vítima começaram na escola Isabelle-Autissier em 2018. Além dos colegas, Evaëlle foi maltratada por uma professora. Esta professora que foi entretanto afastada do ensino insultava e rebaixava e menina.
“Começou lá. Ela tratava-a como tola”, disse uma colega. “Quando não consegues fazer algo, ela diz-te que não prestas. Diz a todos: você é a pior nas aulas“, testemunha uma antiga aluna daquela professora. Contudo, lembrou outra aluna isso “depende das pessoas; ela ataca os mais fracos”.
“É verdade que educámos os nossos filhos para a empatia. Mas este não é o caso de toda a gente”,
Após tomarem conhecimento do bullying do qual Evaëlle era vítima, os pais, Sébastien e Marie, decidiram mudá-la de escola. Isto sucedeu em fevereiro de 2019, altura em que apresentaram também uma queixa por bullying escolar. No entanto, no novo estabelecimento escolar, a escola Georges-Duhamel, a menina voltou novamente a sofrer ataques de bullying.
Em junho de 2019, o pai encontrou a filha já sem vida no seu quarto. Provavelmente a menina não terá aguentado mais o inferno em que vivia.
“Introduzir cursos de empatia a partir da creche. É o que se faz na Finlândia”.
Uns meses mais tarde, os pais de Evaëlle apresentaram outra queixa. O Ministério Público francês está a conduzir uma acusação de homicídio involuntário contra uma professora e alguns alunos. Os acusados respondem igualmente por assédio moral a um menor de 15 anos.
“É preciso dar cursos de empatia desde a creche”
A história trágica de Evaëlle deveria servir como exemplo das possíveis consequências do bullying escolar. Uma menina de apenas 11 anos suicida-se devido a bullying – uma consequência trágica, que segundo os pais, demonstra a necessidade de uma mudança nas escolas.
“É verdade que educámos os nossos filhos para a empatia. Mas este não é o caso de toda a gente”, indicou Sébastien. O pai da trágica menina considera que o problema do bullying tem a sua origem precisamente nesse aspeto. “Eles não se apercebem. Para eles não passa de fazer pouco”, explicou, acrescentando que a sensibilidade que tinha a sua filha falta aos jovens da atualidade”.
Marie, por seu lado aponta para a necessidade de “introduzir cursos de empatia a partir da creche. É o que se faz na Finlândia”.
A mãe de Evaëlle considera ainda que é preciso rever as mensagens de prevenção. “Está-se sempre a mostrar jovens que fazem bullying, diz-se que é mau, mas não se mostra como deve proceder uma vítima de bullying“, diz. É que ir contar a um adulto é visto como um tabu, acha. A filha fez isto uma vez, o que deu origem à mudança de escola.
Contudo, isso não foi o suficiente para evitar o trágico desfecho.
Fonte: Le Parisien
18 de janeiro de 2021