Há pela menos mais de um ano entre nós, o Covid-19 continua a dominar as primeiras páginas. Embora seja ainda largamente desconhecido, os estudos sobre este vírus vão desvendando cada vez dados importantes.
Recentemente, por exemplo, foi apurado que a perda do olfato poderá constituir o melhor indicador de infeção por Covid-19. Os outros sintomas, já os conhecemos pois chegam-nos através das inúmeras notícias diárias sobre o vírus.
E os efeitos do Covid-19 e variantes do vírus em crianças? Que sabemos nós? O impacto é diferente nas crianças? É verdade que a variante britânica afeta mais as crianças? Uma entrevista à Dra. Maria Van Kerkhove, a responsável técnica pelo Covid-19 na Organização das Nações Unidas, clarifica estas questões.
Sintomas do Covid-19 nas crianças: mais ligeiros?
Segundo a especialista, a doença apresenta-se de várias formas, consoante a idade da pessoa infetada com o vírus.
Como sabemos, na maioria das pessoas com sintomas de infeção por Covid-19 apresenta problemas respiratórios. Começam a sentir-se mal, desenvolvem febre, tosse, garganta inflamada ou espirros. Alguns pacientes têm sintomas gastrointestinais, perda de olfato ou paladar.
Nas crianças e adolescentes, como já nos temos vindo a aperceber, a infeção tende a ser mais ligeira se compararmos com os adultos.
“Os sintomas tendem a ser mais ligeiros nas crianças pequenas. Não apresentam tantos sintomas como os adultos. Algumas crianças poderão apresentar sintomas gastrointestinais como diarreia ou vómitos, mas tendem a ser mais ligeiros”, asseverou.
Maria Van Kerkhove confirmou ainda que a maioria das crianças com Covid-19 tendem a não apresentar quaisquer sintomas.
As variantes do vírus afetam as crianças de forma mais grave?
Ao longo do tempo vão surgindo variantes do vírus, continua a especialista. Os cientistas mantêm-se atentos à capacidade de transmissão do vírus e à gravidade dos sintomas que o mesmo causa.
Muitas dessas variantes não apresentam razão para preocupação pois não exercem qualquer impacto sobre o vírus em termos de maior transmissibilidade.
Contudo, outras variantes causam preocupação e requerem estudos mais aprofundados. Mas, “até à data estas variantes não tendem a causar uma doença mais severa em qualquer faixa etária”, adianta Maria van Kerkhove. “A apresentação da doença parece ser a mesma e a severidade parece ser a mesma dos outros vírus SARS-CoV-2 a circular”, acrescenta.
Relativamente à variante do Reino Unido, a especialista indicou que foi detetado um aumento na transmissibilidade da mesma em todas as faixas etárias. Isto inclui as crianças mais pequenas.
“Nas áreas onde a variante do vírus estava a circular, as escolas encontravam-se abertas. O vírus circulou entre os estudantes e as faculdades. Estão a ser conduzidos estudos com estas variante do vírus”, explicou.
No entanto, “os estudos no Reino Unido não indicam que o vírus atinja especificamente as crianças mais pequenas”, informou.
Contudo, lembra, o melhor é sempre a prevenção. Nesse sentido, devemos manter as crianças protegidas do novo coronavírus. E isto é possível reforçando e promovendo nas crianças a etiqueta respiratória, as mãos lavadas ou desinfetadas adequadamente e o uso de máscara se tiverem idade para tal.
26 de janeiro de 2021