Os dados são avançados esta segunda-feira pelo Jornal de Notícias. Entre março do ano passado e janeiro deste ano, quase 52 mil crianças e jovens deixaram de estar abrangidas pelo abono de família. 2020 é o ano da década com mais baixo número de titulares.
A pandemia e as inerentes dificuldades em conseguir obter o apoio, podem ajudar a explicar estes dados agora conhecidos. Não se verificava uma quebra tão grande na atribuição do abono de família desde que a troika esteve em Portugal, eliminado dois escalões do abono.
A demografia, as condições de acesso ao subsídio e as dificuldades na obtenção de serviço junto da Segurança Social podem explicar estes valores, num 2020 em que centenas de milhares de portugueses ficaram sem rendimento ou viram-no diminuído.
Até ao final do ano passado foi notória a quebra, com quase 32 mil titulares do abono de família a menos. Só em janeiro deste ano deu-se uma nova quebra: menos seis mil crianças e jovens apoiados. Em declarações ao JN, fonte do Instituto de Segurança Social atribui as quebras ao facto de nascerem cada vez menos crianças e de, em cada início de ano, serem aplicados cálculos das provas de rendimento e os respetivos ajustes.
A mesma fonte explicou que os cálculos feitos no início de cada ano devem ser lidos tendo em mente que nos meses subsequentes, podem ser corrigidos. Contudo, o acentuado decréscimo notado em 2020 não pode ser apenas explicado por questões demográficas, sobretudo quando os rendimentos das famílias diminuíram devido à pandemia.
Foram dois períodos de confinamento e um ano em que o atendimento funcionou apenas por marcação nos serviços públicos. Situações que terão contribuído para que menos pessoas conseguissem resolver problemas ou pedir apoios.
Já existiram cinco escalões de rendimento com direito a abono, que foram cortados para três com a troika e voltaram a quatro no atual Governo. Os valores a receber por criança oscilam entre 19,46€ e 303,44€ por mês, com majoração de 35% para família monoparental.
22 de março 2021