A crise pandémica provocada pela Covid-19 deixou mais de 1,3 milhões de crianças italianas em situação de pobreza extrema. Esta situação constitui um retrocesso para níveis económicos registados em 2005.
O relatório publicado no início desta semana e divulgador pela organização não governamental britânica Save the Children, concluiu que 1.346.000 crianças italianas, número que representa cerca de 13,6% das crianças e adolescentes do país, ivem em condições de pobreza extrema, mais 209 mil do que no ano anterior.
Mais de 300 mil pais perderam os seus empregos, o que tem consequências dramáticas na vida de muitas famílias, já afetadas pela crise económica causada pelo encerramento das atividades económicas, como medidas para contrariar a propagação do vírus. O encerramento das escolas também contribuiu para o degradar da situação económica e social de Itália.
O relatório observa que uma das consequências do empobrecimento da família pode ser vista, sobretudo, na alimentação das crianças italianas. A redução do poder de compra contribuiu para que muitas famílias não consigam garantir que os seus filhos tenham uma alimentação equilibrada.
No mesmo relatório, a Save the Children também salientou o papel importante das cantinas escolares, que podem ajudar a assegurar uma nutrição adequada. Ainda assim, estima-se que em Itália, menos de metade oferecem serviços de cantina.
Notam-se também diferenças regionais. No sul do país, onde existem menos cantinas escolares, 4,1% das crianças não comem uma porção de carne, peixe, fruta ou legumes por dia. Os inquéritos realizados pela Save the Children, no último ano, revelaram que cerca de 20% dos pais de crianças e adolescentes que utilizam o serviço de cantina acreditam que não poderão cobrir os custos no próximo ano.
Para além das dificuldades económicas, a situação de muitas famílias isto foi agravada pelas dificuldades encontradas no último ano devido ao encerramento das escolas, com 12,3% das crianças entre os 6 e os 17 anos a não terem acesso às ferramentas essenciais para acompanhar o ensino à distância durante a pandemia.
8 de junho 2021