A História da Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar é uma obra do escritor chileno Luís Sepúlveda. Indicada para adolescentes, faz parte da lista do Plano Nacional de Leitura. É uma obra que conta a bonita história de uma gaivota que antes de morrer confia o seu último ovo a uma gato.
Os contos e fábulas são atividades educativas e cativantes para as crianças que podem servir para transmitir importantes lições de vida e valores.
Entre outras coisas, a História da Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar ensina o valor da amizade, cooperação, dedicação, lealdade e pode ser uma chamada de atenção às tragédias ambientais causadas pelo Homem.
Assim, para que possa partilhar esta lindíssima histórias com os mais pequenos, fizemos um resumo acessível a crianças. No final da história, encontra uma sugestão de valores que pode abordar com as crianças.
História da Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar
As gaivotas do Bando do Farol da Areia Vermelha já voavam há seis horas sem parar. Estavam cansadas e cheias de fome. De repente avistaram terra. Aproximavam-se da foz do Rio Elba, no porto de Hamburgo. Hamburgo é uma cidade no norte da Alemanha, no Mar do Norte.
Mas Hamburgo não era o destino do Bando do Farol da Areia Vermelha. As gaivotas iriam depois seguir para o porto de Calais, no norte de França, Biscaia, para a grande convenção das gaivotas dos mares Báltico, do Norte e Atlântico.
Kengah, uma gaivota com as asas cor de prata, mergulhou no mar com as suas 120 companheiras para pescarem arenques. No entanto, não ouviu um alarme de aviso de descolagem de emergência. Quando voltou à tona, estava sozinha. Foi logo atingida por uma espessa e viscosa onda preta. Era uma maré negra, feita de petróleo que tinha sido derramado por um navio petroleiro. A gaivota ficou impregnada daquela substância que é muito venenosa e mata lentamente.
Foi a muito custo que a nossa heroína conseguiu voltar a levantar voo. Mas o mal já estava feito. A gaivota sentia que aquele era o último voo que fazia. Acabou por cair numa varanda, assustando o gato Zorbas que dormia uma bela soneca ao sol. Zorbas, um gato preto e gordo, tinha ficado a tomar conta da casa durante 4 semanas pois a sua família humana tinha ido de férias.
As três promessas
Após explicar o que lhe tinha sucedido, e que estava a morrer, Kengah disse a Zorbas que ia por o seu último ovo. Mas como ia morrer não poderia cuidar da sua filha. Por isso fez Zorbas prometer três coisas:
- Não comer o ovo
- Cuidar da cria que iria nascer do ovo
- Ensinar mais tarde a gaivota a voar
Zorbas prometeu, mesmo sabendo das dificuldades que o esperavam. Kengah pôs o ovo e morreu. O gato não fazia a mínima ideia como conseguir criar uma cria de gaivota, quanto mais ensiná-la a voar! Mas tinha feito uma promessa e tinha que a cumprir.
A ajuda dos companheiros
Não sabendo como começar, Zorbas decidiu pedir ajuda aos amigos Secretário, Colonello, Sabetudo. Os amigos prometeram ajudá-lo pois promessa de gato de porto, é promessa de gato de porto. Foi decidido que Zorbas iria chocar o ovo e Sabetudo iria consultar as suas enciclopédias para saber como criar uma gaivota.
Dito isto, foram embora e o nosso gato sentou-se sobre o ovo branco com pintinhas azuis para o manter quentinho. Nessa noite, os gatos do porto enterraram a pobre Kengah, vítima dos estragos dos humanos. Depois miaram a lamentar a morte da gaivota. A eles juntaram-se os uivos dos cães e outros animais.
O nascimento da gaivota Ditosa
20 dias após ter iniciado o choco, Zorbas foi surpreendido por um biquinho amarelo que tinha partido a casca do ovo. De dentro saiu um pássaro pequenino que chamou logo “Mamã” ao gato. Este, com a emoção nem teve coragem de dizer que era muito diferente da pequenina gaivota. Deu-lhe o nome de Ditosa, que significa aquela que tem sorte. A primeira promessa estava cumprida.
A partir daí foi uma aventura. Era preciso descobrir o que comia a gaivotinha Ditosa. Após experimentar dar diferentes alimentos à pequena e esfomeada cria que os rejeitava, as moscas tiveram sucesso. Os amigos gatos de porto foram ajudando a trazer peixe. Durante o tempo que se seguiu, Zorbas teve que proteger Ditosa de outros gatos maus e de ratazanas. Entretanto, o seu familiar humano que entretanto tinha voltado de férias e era preciso esconder a gaivota. Foi decidido que ela iria crescer no lugar onde vivia Colonello. Este lugar indescritível chamava-se pois, bazar do Harry, que era um velho lobo do mar. Assim cresceu Ditosa, rodeada dos cuidados e carinho dos gatos do porto. A segunda promessa estava quase terminada. Faltava ensinar a gaivota a voar.
Ditosa aprende a voar
Era, pois, altura de cumprir a última promessa: ensinar Ditosa a voar. Mas primeiro era preciso explicar à pequena gaivota que ela era diferente pois achava que era um gato tal como os gatos do porto.
Zorbas então disse-lhe que todos gostavam muito dela, que a tinham protegido tal como prometido à mãe dela. Confessou ainda que tinham todos muito orgulho nela, mas principalmente tinham aprendido algo importante. Tinham, pois aprendido a gostar de um ser diferente pois, apesar de ser muito fácil aceitar e gostar dos que são iguais a nós, fazê-lo com alguém diferente é muito difícil. A pequena gaivota tinha, assim, ajudado os gatos a consegui-lo. Contudo, ela era uma gaivota e tinha que voar.
A primeira tentativa foi fracassada. A pequena gaivota tinha muito medo de experimentar voar. No total, foram dezassete vezes que Ditosa tentou levantar voo, e dezassete vezes acabou no chão.
Os gatos resolveram então falar com um humano para saberem o que fazer. Escolheram o humano da gata branca Bubulina. Zorbas que falava várias línguas, convenceu o humano a ajudá-los naquela missão. Assim foi. O humano e Zorbas foram para o terraço de um prédio para tentar fazer Ditosa voar. Estava a chover. O humano segurou a gaivota e lançou-a para os céus. Mas Ditosa desapareceu. O humano e Zorbas pensaram que ela tivesse caído. Contudo, de repente avistaram-na a voar por entre as nuvens!
— Estou a voar! Zorbas! Sei voar! — grasnava Ditosa, eufórica.
O humano acariciou o lombo do gato, disse-lhe que tinham conseguido e deixou Zorbas a contemplar o sucesso das suas três promessas a voar debaixo do céu chuvosa.
O que nos ensina esta história?
Os valores presentes em a História da Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar são vários e importantes para o desenvolvimento das crianças e jovens. Assim, esta história, após ser contada, pode ser usada para ensinar aos miúdos sobre valores fundamentais:
- Com esforço e dedicação tudo se consegue
- O gato Zorbas nunca desiste de tentar por a gaivota Ditosa a voar
- Respeito pelo meio-ambiente
- É uma maré negra que causa a morte da gaivota Kengah
- O amor e a amizade são fundamentais para a vida
- O amor, carinho e proteção de Zorbsa para com Ditosa tornam a sua missão um sucesso
- Contra a xenofobia e racismo: todos diferentes, mas todos iguais:
- Um gato cria e educa uma gaivota: uma dupla à partida impossível, mas que funciona maravilhosamente
- Lealdade e confiança: devemos sempre cumprir as nossas promessas
- Zorbas mantém-se fiel à promessa feita a Kengah
- A união faz a força:
- A cooperação e a ajuda dos amigos de Zorbas torna a sua responsabilidade de criar Ditosa bem mais fácil e um sucesso