Os hospitais portugueses estão a receber milhares de crianças com infeções respiratórias. A maior parte tem até cinco anos de idade. Com dois períodos de confinamento e posterior desconfinamento, as infeções típicas de inverno, passaram para o verão.
A situação já foi registada noutros países como os Estados Unidos da América, Austrália e Nova Zelândia – o chamado défice imunitário ou dívida imunitária, que é a consequência da falta de desenvolvimento de anticorpos, que esteve em falta com os dois confinamentos que deixaram as crianças dentro de casa.
Segundo noticia a Rádio Renascença, muitas das crianças precisam de oxigénio por causa de vírus que são habituais nos meses mais frios, mas muito raros no verão. Ana Casimiro, responsável pelo Serviço de Pneumologia do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, disse à Renascença que “em 13 horas de banco, estou 12 horas efetivamente sempre a trabalhar”, devido ao número de crianças que dá entrada nas urgências.
Os problemas mais registados nas crianças são bronquilites, laringo-traqueítes e outras infeções respiratórias. “São principalmente os pequenos abaixo dos dois anos e os suscetíveis, que já tinham quadros respiratórios como asma ou predisposição para a infeção, aí estamos a falar da faixa etária dos seis anos, abaixo disso”, disse a especialista em declarações à RR.
O aumento de casos de crianças com infeções respiratórias nesta altura do ano, pode-se atribuir à Covid-19, que fecharam as pessoas em casa, evitando as doenças típicas dos meses de inverno. Os vírus “atacam” agora no verão, aproveitando a falta de anticorpos e sistemas imunitários mais débeis.
“O que acontece é que as crianças que, no ano passado, teriam tido estes vírus, este ano teriam tido anticorpos e não iam adoecer tanto. Estamos a levar com dois anos de doentes pequenos”, explicou a pediatra do Hospital Dona Estefânia.
23 de julho 2021