A Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), em conjunto com a de Infecciologia Pediátrica, defendem que é necessária mais informação científica, antes de avançar com a vacinação de crianças saudáveis. As duas entidades concordam com a prioridade dada aos grupos de crianças e adolescentes com comorbilidades.
À Agência Lusa, e numa posição conjunta conhecida ontem, a Sociedade Portuguesa de PEdiatria e a Sociedade de Infecciologia Pediátrica (SIP) referem que a prioridade neste momento deverá ser assegurar a administração da vacina a maiores de 16 anos, “Numa posição conjunta divulgada esta quarta-feira, a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), a Sociedade de Infecciologia Pediátrica (SIP) e outras entidades ligadas à saúde da criança e do adolescente referem que “a prioridade atual” é assegurar a vacinação completa de pessoas com 16 ou mais anos, “de forma a atingir elevadas coberturas o mais rapidamente possível“.
Antes de avançar com a vacinação global da faixa etária entre os 12 e os 15 anos, é necessário e prudente recolher mais informação científica antes de tomar a decisão final, de acordo com a posição tomada pelas duas sociedades.
Estas entidades estiveram representadas num grupo de trabalho que avaliou a informação científica atual para ajudar na tomada de decisões sobre vacinação de adolescentes dos 12 aos 15 anos.
“Há forte evidência (informação científica) de que o risco de Covid-19 grave (hospitalização e morte) é muito baixo em crianças e adolescentes saudáveis. Consequentemente, a análise do benefício/risco da vacinação deste grupo etário exige uma avaliação muito cuidadosa”, salientam, em comunicado.
Esta posição vai de encontro ao que é defendido pela Direção-Geral da Saúde e reforçado pela prudência pedida, antes de vacinar crianças “saudáveis”.
“A avaliação continuada e mantida da evidência (informação) vinda de países onde a vacinação deste grupo etário já está a decorrer, permitirá que os superiores interesses das crianças e adolescentes possam ser atingidos sem atrasos e com a máxima confiança”, defendem no comunicado assinado pela presidente da Sociedade de Infecciologia Pediátrica e Coordenadora da Comissão de Vacinas da SIP-SPP, Fernanda Rodrigues, e por José Gonçalo Marques, membro da Comissão Técnica de Vacinação e da Sociedade de Infecciologia Pediátrica da SPP.
A DGS recomendou na sexta-feira a administração de vacinas contra a Covid-19 em crianças entre os 12 e os 15 anos com comorbilidades. Segundo a norma que define as doenças prioritárias para vacinação entre os 12-15 anos, devem ser vacinadas prioritariamente contra a Covid-19 as crianças que tenham cancro ativo, diabetes, obesidade, insuficiência renal crónica.
A norma estabelece também como doenças prioritárias para vacinação a transplantação, doença pulmonar ou respiratória crónica, a imunossupressão, as doenças neurológicas, que englobam a paralisia cerebral e distrofias musculares, as perturbações do desenvolvimento, como a Trissomia 21 e perturbações do desenvolvimento intelectual grave e profundo.
Depois de alguma confusão, a DGS esclareceu que em situações excecionais e clinicamente fundamentadas, médicos podem pedir a vacinação para crianças que estejam fora da lista de prioridades.
5 de agosto 2021