Ter filhos é sinónimo de entrega, resiliência, amor incondicional e, é claro, uma grande responsabilidade. É através dos pais que as crianças começam a conhecer o mundo, descobrem noções importantes sobre elas próprias e sobre o mundo. Estabelece-se, portanto, uma forte relação de confiança, onde tudo o que é dito tem uma grande importância para os mais pequenos, mesmo que pareça irrelavante para os adultos. Sabia, por exemplo, que existem coisas que nunca deve dizer ao seu filho?
Determinadas frases e expressões causam um grande impacto na personalidade das crianças, ainda em desenvolvimento. Na primeira infância, etapa que vai dos 0 aos 5 anos, o cérebro está em intensa atividade para coordenar todas as transformações típicas desta fase. As interações ajudam no estabelecimento de conexões e até mesmo de padrões de comportamento desde os primeiros anos até a adolescência.
As crianças aprendem através da observação e do exemplo daqueles que estão à volta. Para elas, o que é feito deve ser reproduzido. O que é dito é tomado como verdade. É normal que, eventualmente, “salte a tampa” e que palavras duras saiam sem pensar, afinal, todos erramos em algum momento. No entanto, convém ter consciência do erro e procurar ferramentas para lidar com os momentos mais desafiantes.
Conheça algumas frases que deve mesmo evitar para manter uma relação saudável com o seu filho e garantir ao pequenote um desenvolvimento socioemocional adequado.
1- “Por que estás a chorar? Não foi nada!”
Minimizar o choro da criança transmiti-lhe a ideia de que os seus sentimentos não importam. O motivo pelo qual está a chorar pode parecer algo sem qualquer relevância, mas é importante acolher esta dor, seja ela física ou emocional. Acolhido e ouvido, o seu filho crescerá mais seguro para partilhar consigo os problemas e procurar ajuda sempre que tiver alguma dificuldade.
2- “Que menino(a) mau(má)!”
Esta frase é periogosa assim como qualquer outra que atribua rótulos à criança. Se os pais dizem que é má, ela acredita que não há forma de ser diferente e assume-se como tal. Sempre que apresentar comportamentos inadequados, deve-se focar na situação, em algo que não foi agradável e que pode ser melhor. A criança é mais do que aquilo que faz e deve saber disso desde sempre.
3- “Fazes o que eu digo porque eu é que sei!”
Que atire a primeira pedra quem nunca perdeu a paciência com questões sobre o quê, como e porque algo deve ser feito. Crianças e adolescentes são naturalmente questionadores e a verdade é que nem sempre estão dispostos a colaborar quando uma coisa não é feita do maneira que imaginavam. No entanto, impor a sua vontade não vai adiantar, antes pelo contrário. Conversar e explicar é sempre o melhor caminho para conseguir cooperação.
4- “Não fazes nada de jeito…”
Imagine que ouvia isso do seu chefe constantemente. Como acha que se sentiria? Com motivação para trabalhar mais e melhor ou convencido(a) de que não serve para fazer o que faz? Muito provavelmente a segunda opção, uma vez que é desestimulante estar sempre a ouvir que não está a fazer algo bem. O mesmo acontece com o seu filho. Quando o foco é apenas no resultado, todo o trabalho que a criança teve para chegar até lá é desvalorizado. Ao não atingir o esperado, sente que não tem valor ou que não é capaz.
5- “Já não posso contigo! Estou farto(a)!”
É verdade, ninguém disse que seria fácil e há dias mais complicados que outros. Quando entramos em modo desespero, frases como esta podem escapar, apesar de não refletirem aquilo que realmente sentimos em relação os filhos. Se ouvem algo do tipo vindo das pessoas mais importantes das suas vidas, as crianças sentem que são um peso e que só atrapalham. Consegue imaginar os efeitos disso?
6- “Devias ser como o(a)…”
Muitos pais recorrem às comparações como forma de motivar os filhos para que sejam melhores ou sigam um determinado padrão de comportamento. Essa, no entanto, não é a maneira mais eficaz de o fazer. Ao ouvirem que os pais gostariam que fossem de outra forma, as crianças ficam com a autoestima abalada. Em vez de valorizarem o que têm de melhor, focam-se demasiado nos defeitos e sentem que não são aceitas.
7- “Devias ter vergonha de te portares como um bebé”
Ao contrário do que se imagina, fazer com que a criança se sinta envergonhada não vai fazê-la portar-se melhor. Na verdade, ela vai sentir-se diminuída e humilhada, principalmente se a frase em questão for dita na presença de outras pessoas. Além disso, dá a ideia de que o comportamento dos bebés é sempre negativo e inadequado.
8- “Se não fizeres o que mando, ficas de castigo”
As ameaças nunca são uma boa forma de construir uma relação com quem quer que seja, muito menos com o seu filho. Frases com esta alimentam a raiva, o medo e uma autoridade nada saudável dos pais. A imposição causa atritos com frequência, portanto, mais vale trabalhar desde cedo com o diálogo e a colaboração.
9- “Quantas vezes tenho que repetir a mesma coisa?”
Ao ouvir que é incapaz de prestar atenção naquilo que lhe é dito, a criança absorve apenas a informação de que é desatenta. É mais fácil que persista no “erro” do que consiga corrigi-lo. Essa persistência não é proposital, mas sim uma aceitação do que o adulto diz, que não tem mesmo qualquer atenção naquilo que lhe dizem.
10- “Podias ter feito melhor…”
Mais um caso em que o resultado parece ser mais importante do que o caminho traçado para chegar até ele. Para realizar pequenas tarefas, aprender algo novo, o seu filho empreende um grande esforço. Ao desvalorizar esse aprendizagem e colocar todo o foco em como deveria ter sido, está, na verdade, a colocar demasiada pressão no seu filho para ser sempre o melhor. Ele pode desenvolver a tendência a ser demasiado autocrítico ou sentir-se desencorajado por achar que jamais irá atingir as suas expectativas.
11- “Assim ninguém gosta de ti!”
O maior problema de dizer isso ao seu filho é fazê-lo acreditar que o amor que sente é condicional e que ele só será aceito se se portar de determinada forma. Assim, a criança cresce a acreditar que mais vale suprimir os seus sentimentos e levar mais em consideração aquilo o que os outros dizem.
12- “Deixa que eu faço isso”
Ao impedir que a criança conclua uma tarefa ou que insista em realizá-la, mesmo que não saia perfeita, está a retirar-lhe uma oportunidade de aprender. A máxima “aprendemos a errar” é uma grande verdade, principalmente para quem ainda está a descobrir tudo sobre a vida. Pode finalizá-la mais rapidamente, entretanto, para a próxima, o seu filho pode não se esforçar para fazer melhor ou até perder completamente o interesse.
13- “Faço tudo por ti e não fazes nada do que eu peço”
Não é possível estabelecer uma boa conexão baseada em chantagem emocional. O que os pais fazem pelos filhos nunca deve ser uma moeda de troca. Ao utilizar este argumento, o seu filho passa a acreditar que fazer valer as suas vontades e opiniões torna-o ingrato.