O antigo diretor-geral da saúde e médico especialista em saúde pública, Francisco George, defende que as crianças com idade superior a cinco anos devem ser vacinadas contra a Covid-19, desde que a eficácia e segurança das vacinas estejam comprovadas.
Em entrevista à Agência Lusa, Francisco George não vê entraves na vacinação deste grupo etário, desde que as vacinas “tenham uma base de comprovação científica”, com segurança dos mais novos assegurada. Dos principais laboratórios fabricantes da imunização, apenas a Pfizer anunciou que a sua vacina é eficaz em crianças entre os 5 e os 11 anos, sendo que em breve vai ser feito o pedido às autoridades de saúde norte-americanas, para a administração da vacina.
O especialista diz que as crianças são vacinadas à nascença em Portugal, até à entrada no ensino secundário e que se for verificado que são fontes de transmissão do vírus, “e que precisam de ser protegidas, e se tivermos a certeza da segurança da vacina, não vejo porque não”.
Francisco George, atualmente presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, dirigiu a Direção-Geral da Saúde (DGS) durante 12 anos. Entre 1980 e 1991, Francisco George esteve na Organização Mundial da Saúde e em 1990 desempenhou as funções de epidemiologista do Programa Mundial de Luta Contra a Sida como coordenador para a África Austral.
Enquanto especialista médico já lidou com várias epidemias, como a SARS – Síndrome Respiratória Aguda Severa, em 2003, a infeção respiratória do Médio Oriente, dez anos depois, e agora com o coronavírus SARS-CoV-2, que surgiu na China no final de 2019.
Francisco George defende também que a necessidade de um reforço da vacina será ditada pelo nível de anticorpos produzidos pelas doses anterioses e que mais uma vez a decisão tem de ser tomada com base científica e não pelas opiniões de comentadores políticos.
Em Portugal, o Infarmed aguarda por mais informações e estudos, antes de avançar com a vacinação em menores de 12 anos.
27 de setembro 2021