A maneira como os bebés observam objetos do quotidiano podem ajudar a diagnosticar um transtorno de espectro do autismo. Esta é a revelação de um novo estudo feitos dos Estados Unidos da América. Até hoje ainda não se tinha revelado nenhuma descoberta com bebés tão pequenos, neste caso com 9 meses de idade.
A inspeção visual invulgar de objetos, através de comportamentos como olhar para os cantos dos olhos, segurar o objeto muito próximo do rosto, olhar para o mesmo com um olho fechado ou olhá-lo ininterruptamente durante mais de 10 segundos, pode ser um sinal de alerta e um apoio para diagnosticar autismo mais cedo.
A principal autora do estudo Meghan Miller, professora de psiquiatria e ciências comportamentais afirmou que “o comportamento de inspeção visual invulgar está, há muito tempo, associado ao autismo, mas nunca tão cedo como aos nove meses de idade”.
Meghan Miller explicou que os resultados desta investigação “apoiam as principais teorias do autismo, que pressupõem que o excesso de atenção que os bebés dão aos objetos pode ser à custa do seu desinteresse pelas pessoas. Em última análise, este estudo sugere que uma inspeção visual invulgar dos objetos pode preceder o desenvolvimento dos sintomas sociais característicos do transtorno do espectro do autismo”.
Para esta investigação, os analistas analisaram e avaliaram o comportamento de 147 bebés. 89 destes bebés têm irmãos mais velhos diagnosticados com transtorno do espetro do autismo (grupo de alto risco). 58 têm irmãos de desenvolvimento típico no espetro (grupo de baixo risco) – aos 9, 12, 15, 18, 24, e 36 meses de idade, para medir uma variedade de formas de brincar e usar objetos.
Os investigadores estudaram o comportamento social de cada bebé em sessões de avaliação, medindo a frequência do contacto visual do bebé, a frequência do sorriso e a capacidade de resposta social global. Além disso, contaram o número de vezes que a criança se envolveu em inspeções visuais invulgares e de rotação de objetos.
Aos 36 meses de idade, todos os bebés participantes foram classificados num de três grupos de diagnóstico: 58 no grupo de baixo risco, 72 no grupo de alto risco fora do espetro e 17 no grupo de diagnosticadas com espetro do autismo.
Os resultados mostram que s comportamentos de inspeção visual incomum se verificavam com maior proeminência e eram mais vulgares nos bebés que desenvolveram transtorno no espetro do autismo.
Aos nove meses, o grupo dos bebés que foram diagnosticados com transtorno do espectro do autismo demonstrou este comportamento com maior frequência do que os restantes bebés, e continuou a taxas mais elevadas em todas as idades.
Os resultados do estudo sugerem que a exploração visual invulgar de objetos pode ser uma ferramenta valiosa a juntar aos instrumentos de rastreio e diagnóstico precoce.
Cerca de uma em cada 54 crianças é diagnosticada com transtorno do espectro do autismo, nos Estados Unidos e um em cada cinco irmãos mais novos de crianças já diagnosticadas são mais suscetíveis de também o serem, segundo reporta a publicação Futurity.
13 de outubro 2021