O fim-de-semana ficou marcado pelos protestos, em cidades como Porto, Lisboa e Coimbra, de movimentos cívicos de mulheres contra a violência obstétrica. Um conceito que a Ordem dos Médicos diz não se aplicar a Portugal. Uma opinião confrontada por vítimas, ativistas e profissionais de saúde.
O parecer da Ordem dos Médicos (OM), que nega a existência de violência obstétrica em Portugal, desacreditou relatos de centenas de mulheres que utilizaram as redes sociais para dar a conhecer o seu caso. Na passada sexta-feira os protestos ocorreram um pouco por todo o país, com o projeto online Violência Obstétrica Portugal a ganhar mais força.
A OM remete este termo e conceito para países onde as mulheres grávidas não têm acesso a cuidados de saúde ou onde não são respeitados os direitos humanos. Em declarações à revista Visão, Carla Santos, doula e ativista do projeto Violência Obstétrica Portugal, refere que com a pandmia o fenómeno aumentou consideravelmente e que o parecer da OM serviu para colocar os protestos em marcha.
O movimento há reuniu cerca de trinta pessoas, que continuam a lutar pela mudança e que pretendem recolher o máximo de testemunhos possível, tando de mulheres vítimas deste tipo de violência, assim como de profissionais de saúde. Muitos testemunhos já estão a circular nas redes com a hashtag #EuViVO.
Os protestos da passada sexta-feira ocorreram em frente às delegações da Ordem dos Médicos em Lisboa, Porto e Coimbra, onde se fizeram chegar os testemunhos. Alguns deles podem ser lidos nas redes sociais administradas pelo movimento.
De acordo com o site da Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e Parto (APDMGP), violência obstétrica define-se como “violência contra as mulheres no contexto da assistência à gravidez, parto e pós-parto”. As formas mais comuns incluem abusos físicos e verbais, práticas invasivas, uso desnecessário ou medicação, humilhação, uso de técnicas e manobras não consentidas entre outros comportamentos.
8 de novembro 2021