Um estudo levado a cabo nos Estados Unidos da América, concluiu que existe de facto uma ligação entre o consumo materno de canábis, durante a gravidez, e uma maior tendência para que as crianças sofram com ansiedade, agressividade e hiperatividade.
A investigação foi publicada na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America” e envolveu 322 mães e respetivos filhos, tendo decorrido em diferentes fases. O requisito para a participação é o consumo de canábis durante a gravidez e/ou o período pós-natal.
Numa primeira fase, foram analisados os efeitos da canábis na placenta e na atividade dos genes relacionados com a imunidade. Num segundo momento foram analisadas amostras de cabelos das crianças participantes, com idades entre os 3 e os 6 anos, no sentido de determinar a presença de certas hormonas como cortisol, responsável pelo stress.
Ao mesmo tempo, foi analisada a variação do ritmo cardíaco das crianças e o seu comportamento, de forma a determinar se existem traços de hiperatividade, ansiedade ou até agressividade.
Uma das autoras do estudo, Yasmin Hurd, disse à publicação Scientific American que as grávidas, naquele país, estão a ser constantemente bombardeadas com anúncios que aconselham o uso de canábis para tratar náuseas e ansiedade durante a gestação. O que torna este num estudo pioneiro na área, ao selecionar uma amostra de pessoas que já consumiam a droga de forma autónoma.
Os autores do estudo esclareceram também que os estudos relacionados com o comportamento humano têm de ser interpretados com cuidado, uma vez que outros fatores como a transmissão genética (que pode ser um modo de adquirir traços de ansiedade) e o contexto de crescimento podem alterar as conclusões das investigações.
Os resultados indicam que existe uma relação entre a toma da substância e um aumento de ansiedade generalizada nas crianças.
24 de novembro 2021