Sabia que o seu estilo parental pode afetar a popularidade do seu filho? Mas será a popularidade um objetivo a alcançar ou devem os pais preocupar-se com outras coisas? Tudo depende do que entendemos por “popular”. Segundo Mitch Prinstein, psicólogo da Universidade da Carolina do Norte, a maioria das pessoas associa popularidade a status, mas, na verdade, existem dois tipos: status e simpatia.
O profissional acredita que a busca por status expõe a criança a uma dependência excessiva em relação a outras pessoas, podendo, ainda, levar a problemas de relacionamento e infelicidade. Por outro lado, a simpatia é responsável por um maior otimismo e melhores habilidades sociais e, ao longo da vida, traduz-se em melhores empregos e relacionamentos mais estáveis.
Então, como podemos incentivar os nossos filhos a procurar uma popularidade baseada na simpatia?
Conheça as sete dicas do psicólogo
Em primeiro lugar, sabemos que muitas coisas fogem ao nosso controlo. No entanto, existem comportamentos adquiridos e estruturas mentais que afetam a simpatia das crianças e, uma vez que sabemos quais são, certas mudanças podem ajudar a longo prazo.
Se já pensou na popularidade do seu filho e não sabe bem por onde começar, deixamos algumas sugestões:
Tente ser menos crítico e agressivo
“Um dos fatores que mais facilmente prevê se as crianças serão populares ou rejeitadas, passa pelo ambiente em casa”, refere o psicólogo. “Por norma, crianças que se comportam de forma agressiva, tendem a ser menos apreciadas pelos colegas”.
A crítica e a agressividade são características adquiridas em casa. Um estudo demonstrou que crianças de pais que falam e interagem de forma carinhosa e menos crítica, apresentam menos probabilidade de se tornarem agressivas, nomeadamente a partir dos 7 anos. As crianças crescem mais afetuosas, altruístas e gentis se forem expostas a modelos de comportamento com estas qualidades.
Evite tendências hostis
Combata a tendência de assumir más intenções ou interpretações. Vamos imaginar que pede ao seu filho para fazer uma determinada tarefa e ele recusa-se a cumprir. Não incorra no pensamento “Ele não me respeita/Não me reconhece autoridade” e tente perceber o que está por detrás daquela resposta ou comportamento.
Sensível e emocional (mas com limites)
“Alguns pais dominam, estabelecem limites rígidos e são reservados, até mesmo quando brincam com as crianças”, explica Prinstein. “Por isso, não é de surpreender que os seus filhos se comportem da mesma maneira quando se relacionam com outras pessoas”. Não tenha receio de mostrar os seus sentimentos, já que são estes exemplos que vão modelar os comportamentos e preferências das crianças.
Intervenha ao mínimo nas amizades do seu filho
É perfeitamente normal ajudar na socialização das crianças. Mas, à medida que crescem, devem ser capazes de gerir as suas próprias vidas sociais. Este conselho aplica-se também no recreio, em que as educadoras devem interferir o mínimo possível nas rotinas e comportamentos sociais dos mais pequenos.
Portanto, esteja mais presente nos primeiros tempos, mas, quando o seu filho estiver na idade pré-escolar, dê um passo atrás e deixe que a criança lide com os seus próprios desafios e conflitos. Esteja sempre disponível para conversar sobre experiências sociais e ajudar a resolver problemas. As crianças aprendem com este processo de reflexão, tornam-se mais altruístas e apresentam um maior desempenho académico.
Aborde a conversa como um momento de partilha
Privilegie a comunicação, mas não domine as conversas. Interprete como um momento de dar e receber, de partilha de sentimentos e experiências. Faça perguntas, mostre-se interessado e, acima de tudo, faça com que o seu filho perceba que pode confiar em si.
Altere a sua teoria de atribuição
Já pensou como lida com os episódios menos positivos na sua vida? Atribui culpa a si próprio ou procura desconstruir as situações?
Por exemplo, como reage se o seu filho tirar negativa num teste? O psicólogo Mitch Prinstein desafia-o a mudar o foco da culpa. Pode culpabilizar algo que foge ao seu alcance (“O teste foi mal construído”); as circunstâncias da situação (“O meu filho confunde-se com questões de escolha múltipla”) ou circunstâncias alteráveis (“Provavelmente, teria positiva se tivesse mais tempo ou ajuda para estudar”). A partir daqui, trace estratégias e objetivos a alcançar.
Claro que as crianças têm que assumir responsabilidade, mas não queremos que a máxima “foi por minha culpa” seja a sua lente para o mundo. Além disso, culpar, logo à primeira, o seu filho é um bilhete sem retorno para uma baixa autoestima.
Cultive culturas que priorizem a simpatia
Todos sabemos que não conseguimos mudar o mundo nem a cultura de uma nação. Mas pode criar uma cultura familiar com as características que pretende incutir no seu filho: ser cooperativo, focar no positivo, apelar à criatividade e sinceridade, ajudando no desenvolvimento ferramentas de aprendizagem e inteligência emocional.
Em conclusão…
Porém, saiba que não é o status que vai tornar as crianças felizes, mas sim as amizades de qualidade. Contribuir para um mundo melhor requer que as crianças e os jovens “aprendem como interagir com os outros de forma a que se sintam felizes, valorizados, incluídos e respeitados”. E é muito importante que o seu filho receba tudo isto de volta, principalmente em casa.
Se ficou curioso sobre esta “teoria”, sugerimos a leitura do livro de Mitch Prinstein, intitulado “Popular”.