Os bebés com cerca de 8 meses de idade já conseguem registar quem compartilha saliva, usando-a como um marcador de quem pode ter em um relacionamento próximo consigo e quem não tem, sugere um estudo norte-americano.
Este registo inclui também os bebés a observar e perceber quando há trocas de saliva através da partilha de alimentos, indicando se essas pessoas têm uma relação próxima ou não.
Normalmente, as pessoas são mais propensas a partilhar ações que podem levar a uma troca de saliva, como beijos ou um alimento, com familiares ou amigos próximos do que com um conhecido ou colega de trabalho. Assim, estas ações íntimas podem ser marcadores de um “relacionamento íntimo” ou pessoas que têm ligações duradouras umas com as outras, como pais, irmãos, família alargada ou melhores amigos, diz Ashley Thomas, psicóloga do desenvolvimento do Massachussets Intitute of Technology.
As crianças pequenas são capazes de captar estes momentos nas pessoas que os rodeiam. Para provar que bebés usam a saliva como um instrumento social para interpretar relações, Ashley Thomas e a sua equipa de investigação, fizeram um conjunto de experiências recorrendo ao uso de marionetas.
Quando a marioneta se apresentava como triste ou chorosa, os bebés olhavam principalmente para os adultos que tinha “partilhado” comida com a marioneta ou dado um beijinho no início do processo de observação, em vez de outros adultos que se encontrassem no local.
Os investigadores não consweguem precisar exatamente o que os bebés estão a pensar. Mas registar para onde eles olham é uma maneira de compreender o que se passa. A ideia não é que crianças pequenas esperem sempre que um adulto possa confortar o boneco, diz Thomas.
Em vez disso, os investigadores esperavam que as crianças olhassem para a pessoa que esperam que ajude primeiro quando a marioneta expressa angústia, e essa seria a pessoa que tem um relacionamento mais próximo com o brinquedo, diz ela.
Não é claro como estas descobertas se relacionam com a vida diária de crianças pequenas. Experiências futuras podem trocar atrizes no estudo, por membros da família ou por educadores ou professores para entender melhor o papel que a saliva pode desempenhar na forma como bebés e crianças pequenas distinguem diferentes tipos de relacionamentos.
Os resultados desta investigação foram publicados na edição de janeiro da revista Sciente.
27 de janeiro 2022