Os cenários imaginários que as crianças criam em brincadeiras com bonecas, podem estimular o pensamento e a capacidade de interação social, já que ao brincar, adotam perspetivas de terceiros e falam sobre os sentimentos de outras pessoas. Os mundos, personalidade e conversas desenvolvidas nestes momentos de brincadeira foram analisadas por uma equipa de investigadores no País de Gales.
Uma equipa de investigadores da Escola de Psicologia da Universidade de Cardiff analisou o comportamento de 33 crianças entre os 4 e 8 anos, no Reino Unido.
Os mais pequenos foram colocados numa sala, e usaram uma espécie de capacete fNIRS, com sensores infravermelhos que monitorizam o comportamento do cérebro, sendo expostos a uma coleção de bonecas da Barbie de várias raças, tamanhos e sexos, e a vários acessórios como uma casa ou uma ambulância.
Numa outra fase da investigação, as crianças também brincaram com outros jogos, tanto manuais e digitais. O estudo concluiu que “as crianças mencionaram mais vezes os estados internos de outras pessoas quando brincaram com bonecas sozinhas do que quando jogaram jogos de tablet“.
A equipa de investigadores da Universidade de Cardiff notaram um padrão. As crianças atribuíram estados internos às bonecas quando brincavam sozinhas, enquanto encenavam papéis com as mesmas. Por exemplo, “Obrigado por vires à minha casa, queres fazer uma festa do pijama?”, segundo um exemplo da equipa.
Por outro lado, durante os momentos em que jogaram um utilizaram o tablet, foram raras as alturas em que foi atribuído um diálogo ou estado interno às personagens. Nesta fase da experiência, as crianças falavam sobretudo na primeira pessoa, ou com alguma distância dos sujeitos do jogo.
O estudo, financiado pela Mattel, criadores da Barbie, e publicado na revista Developmental Science, constatou que quando as crianças criam mundos imaginários e brincam com bonecas, comunicam primeiro em voz alta e depois refletem e interiorizam informações sobre os pensamentos, emoções e sentimentos dos outros.
Os investigadores defendem que isto pode ter efeitos positivos nas crianças como “aumentar as taxas de processamento social e emocional e desenvolver habilidades sociais, como a empatia”. Geralmente, as crianças começam a mostrar sinais de linguagem de estado interno por volta dos quatro anos, começando a expressar os seus pensamentos em voz alta.
16 de fevereiro 2022