Consideram-se três grandes áreas de desenvolvimento infantil: motor, cognitivo e emocional. Estas três grandes áreas de desenvolvimento interligam-se, influenciam-se e acontecem simultaneamente.
Contudo, em determinados momentos, uma área pode ter mais protagonismo do que as outras, sem deixar de coabitar, a toda a hora, de noite ou de dia. E, em cada uma delas, pais, bebé e genética têm o seu papel.
Os bebés são sensíveis as emoções desde muito cedo visto que o seu instinto de sobrevivência, presente logo à nascença, lhes indica que devem confiar na mãe para a satisfação das suas necessidades básicas. Chora como expressão dessas necessidades mas também de acordo com o nível de desconforto que sente. Um bebé tem e expressa vontades desde muito cedo e valoriza-as como as únicas a serem satisfeitas. A consciência do outro só aparece muito mais tarde.
Os bebés aprendem, essencialmente, por imitação. Este facto reforça a importância da correção e coerência dos comportamentos dos pais e de todos os que convivem de perto com o bebé. É fundamental que o bebé cresça num ambiente de afetos e que os pais demonstrem abertamente os seus sentimentos entre si e na sua relação com o bebé. É observando o mundo dos adultos que o bebé e as crianças se modelam sentimental e socialmente.
A sociabilização e contacto com o outro é, portanto, uma fonte excelente de estimulação e de aprendizagem das condutas sociais. O convívio com os seus pares promove a construção e a afirmação da sua própria identidade, já que estando rodeado de outros como ele, é capaz de identificar a diferença entre si e os outros.
Marcos do desenvolvimento emocional dos 0 aos 18 meses
Recém-nascido
Um bebé recém-nascido demonstra as suas necessidades emocionais através da expressão corporal e facial. Começa por esboçar um sorriso (em resposta ao sorriso do adulto) e estabelece contacto visual como forma de comunicação.
O sono e as rotinas diárias permitem que ao bebé estruturar o seu novo ritmo de vida e encontrar estabilidade nos eventos que decorrem ao longo do tempo. Dormir à noite, fazer a sesta durante o dia, comer, tomar banho, etc.. Um bebé recém-nascido passa cerca de 16h15 por dia a dormir (8 horas durante o dia e 8h15 por noite). O sono favorece o desenvolvimento físico, fortalece o sistema imunológico, contribui para a consolidação da memória, relaxamento muscular, segurança e estabilidade emocional.
Bebé com 1 mês
O bebé distingue claramente a voz da mãe da de todas as outras. O reconhecimento da voz da mãe inicia-se muito cedo, ainda durante a gravidez. A partir dos 5 meses de gestação, o bebé já consegue distinguir a voz da mãe de todos os outros sons intra uterinos.
Com 1 mês de idade, o bebé começa a demonstrar os seus sentimentos e necessidades através de diferentes expressões de rosto (faz caretas, sorri quando olham ou sorriem para ele, deita a língua de fora) e do choro. O bebé chora porque está desconfortável, com dores ou apenas porque precisa de atenção. Gradualmente vai perceber que existem diferentes tipos de choro e a perceber o que o seu bebé lhe quer dizer.
Bebé aos 2 meses
- Aos 2 meses de idade, o bebé já gosta de agradar. Se sorrir muito para o seu bebé e conversar com ele durante as rotinas diárias, o bebé vai aprender que certos gestos e comportamentos são positivos e tende a imitá-los.
- Quando está feliz, o bebé sorri e gesticula para chamar a atenção. Gradualmente começa a fazê-lo com intencionalidade, como quando quer colo.
- O bebé está muito dependente da mãe e é com ela que vai estruturando a sua personalidade. Tudo aquilo que envolve a amamentação, os cuidados ao bebé, o ambiente e as manifestações de carinho são fundamentais para que o bebé se sinta seguro e amado.
- As rotinas do dia-a-dia vão-se consolidando o que contribui para a estabilidade emocional do bebé que começa a estabelecer uma relação causa/efeito entre tarefas e uma noção de previsibilidade sobre o que vai acontecer a seguir.
Bebé aos 3 meses
- Mostra agrado e alegria quando vê os pais ou outras pessoas com quem está familiarizado.
- Começa a comunicar intencionalmente, emitindo sons e sorrindo abertamente.
- Entende o sorriso e sorri socialmente.
Bebé aos 4 meses
- Sabe a diferença entre estar sozinho ou acompanhado e prefere não estar só, chorando para mostrar o seu desagrado.
- Aprecia a companhia e gosta de atenção.
- Distingue as figuras cuidadoras e próximas das restantes pessoas com quem se relaciona, estabelecendo com cada uma, uma relação privilegiada e individualizada.
Bebé aos 5 meses
- Verbaliza, gesticula, chora, sorri e ri para comunicar e não só para satisfazer uma necessidade de sobrevivência.
- Começa a demonstrar sentimentos de medo quando ouve barulhos altos ou inesperados.
- Estranha pessoas que não vê frequentemente e distingue uma voz calma de uma voz irada.
Bebé aos 6 meses
- Estranha cada vez mais quem não conhece podendo até reagir de forma física e desagradável.
- Demonstra sentimento de posse pelos pais.
- Como está a descobrir as mãos, usa-as para demonstrar o seu afeto e apreço pelos pais.
Bebé dos 7 aos 8 meses
- Gosta de comunicar com outros bebés e usa todas as competências adquiridas até aqui para estabelecer essa comunicação e se relacionar. Palra, ri, gesticula e parece ser capaz de ‘conversar’.
Bebé dos 9 aos 12 meses
- Compreende e imita regras e rotinas sociais.
- Manifesta carinho com abraços e mimos principalmente pelos pais.
- Já tem alguma individualidade e reconhece o seu nome.
Bebé dos 13 aos 15 e meses
- Aprecia o convívio social e estabelece relações independentemente.
- É mais expansivo embora recorra aos pais para conforto e segurança.
- Gosta de agradar e ser participativo das rotinas dos adultos.
Bebé dos 16 aos 18 meses
- Começa a construir a autoconfiança e independência, querendo desempenhar algumas tarefas sozinho.
- Já tem brinquedos favoritos e adora animais.
- Já aprecia brincar sozinho.
As tabelas apresentam as competências esperadas de uma criança numa determinada idade, dos 3 aos 12 meses. No entanto, não se prendam demasiado às competências esperadas. O vosso filho pode estar mais avançado em algumas áreas e menos noutras sem que isso represente motivo de preocupação ou sinal de atraso no desenvolvimento. Estas tabelas são apenas um guia que pode ajudar a decidir o que podem fazer para estimular e ajudar o vosso filho a crescer saudável, feliz e com vontade de aprender.