Perspectivei sempre ser mãe. Sonho de menina, de adolescente e de mulher. Mãe de muitos, casa cheia de sorrisos e barulho. Aos 34 anos tive o meu primeiro filho. Uma gravidez planeada, desejada, vivida plena de felicidade.
Perspectivei sempre ser mãe…
Nas 40 semanas e alguns dias, que antecederam o dia do nascimento do meu filho, li incansável e deliciada imenso sobre bebés e partos. O antes e o depois do nascimento, a preparação, o parto, o cuidar, estimular, enfim, todo o universo do mundo dos bebés com que nos deparamos quando engravidamos… mas nada sobre cesarianas.
Porque não era suposto, porque nunca o desejei, porque nunca considerei seriamente a sua necessidade… talvez porque, e acima de tudo, sempre desejei um parto normal.
Mas a cesariana aconteceu… acho que como quase sempre acontece.
O facto surge como inadiável, inquestionável.
A equipa médica surge na porta, e diz-me que houve um problema com a placenta, e que a cesariana é necessária e urgente. Movem-se à minha volta, preparando-me para me transportar para a maca e tudo me parece confuso, rápido… completamente inesperado.
O meu marido tem de ficar para trás…trocamos um olhar atónito e cúmplice e sussurramos “ vai correr tudo bem”.
Entre a sala de partos e o bloco, não passam mais do que breves minutos, mas aqueles corredores escurecidos pela madrugada, parecem intermináveis e eu divago entre pensamentos, emoções, questões e medo. Sim… também tive medo.
A Cesariana foi rápida e correu tudo muito bem. Culminou com um choro e uma frase -“mamã, está de parabéns! Tem aqui um rapagão!”
Hoje, já com dois filhos e duas cesarianas depois (parece que não há maneira de os miúdos cooperarem!), lamento não saber o que é um parto normal.
Não o lamento contudo, de forma amargurada ou frustrada. Gostava de ter tido essa oportunidade de viver o nascimento dos meus filhos de forma mais ativa.
Mas… depois de o nosso bebé nascer, depois de sentirmos o nosso amor crescer dia a dia, semana a semana, mês a mês, olhamos para trás e a forma como ele nasceu deixa de ser assim tão importante, perante a transformação maravilhosa que um filho trás à nossa vida.
Nasceram bem, saudáveis, com o colinho e o calor que merecem. Eu estava lá… e amei-os desde o primeiro instante. E isso sim, é o mais importante.
Resta-me a certeza, de que se formos ao terceiro, não haverá espaço a ilusões… será uma cesariana para poupar as paredes deste útero já bi-costurado!
Mãe do Tomás (3 anos) e Maria Rita ( 9 meses)