Este sentimento no entanto tem pouca aceitação pela nossa sociedade. É punido porque habitualmente não pensamos nas causas da sua existência, não falamos
O medo é um dos sentimentos mais básicos do ser humano.
Desde os primeiros anos de vida as crianças vivem muitos medos, racionais ou irracionais, que acompanham o seu crescimento. Os medos infantis dependem de fatores familiares, culturais, sociais.
A instabilidade familiar, a violência, a agressividade, os insucessos políticos que preocupam os pais, atentados, guerras, catástrofes, os médicos, enfermeiras, morte de um ente querido, a noite, ficar sozinho, insucesso escolar, são alguns dos temores das crianças.
acerca daquilo que sentimos quando o vivemos e não somos capazes de nos confrontarmos com ele, aceitando-o.
Reprimir o medo pode intensificar sintomas físicos tais como: palpitações, nervosismo, excitação, ansiedade, etc., baixando a autoestima da criança, confiança e segurança.
Aprender a viver com o medo, pode proporcionar à criança um estado emocional positivo e um bem-estar geral, cujo papel dos adultos de referência deverá ser fundamental.
Sempre que se desencadear um momento de medo devemos transmitir à criança confiança, conversando sobre o que o provocou e como o podemos superar. Estar presente, atento, apoiando a criança, é a uma estratégia de ação importante.
No que se relaciona com a saúde, a Psicologia poderá empreender um conjunto de atividades pedagógicas relacionadas com o medo, cujo objetivo é reduzir os estados stressantes e ansiosos. Para além disso, no momento da consulta, são explicados aos familiares e crianças os procedimentos terapêuticos pelos quais a criança vai passar, o que facilita a sua adaptação e reduz os medos.
Medos de bruxas, de fantasmas, do escuro, do bicho-papão… Para uma boa parte das crianças, o que era motivo de medo no passado, hoje, não causa sequer um pequeno arrepio.
Até aqui, parecem boas notícias; contudo, com os problemas e as complexidades da sociedade moderna, os medos modificaram-se, e os temores dos adultos passaram a povoar a cabeça dos pequenos. Entre eles estão os sequestros, assaltos, guerras, desastres naturais, acidentes e outros, presentes todos os dias nos noticiários da televisão, do jornal e da rádio.
Na ajuda aos pais – e às próprias crianças – a combaterem os medos que afligem os seus filhos, é importante termos a noção de que os medos mudaram: antigamente a maioria dos medos infantis realmente não passavam de imaginação. Hoje, surgem nas consultas de psicologia clínica um sem-número de pessoas preocupadas com os seus filhos extremamente angustiados, com medo de dormirem sozinhos.
Esta situação exemplifica a necessidade dos pais fazerem a distinção entre medos justificados e injustificados nas suas crianças. Porém, é preciso não ser “refém” da criança que pode usar o artifício do medo para obter vantagem. Por exemplo, se uma criança chora durante a noite, e a mãe/pai entra no quarto, reconforta e conversa com ela, na noite seguinte o choro pode repetir-se, na esperança de receber a mesma atenção. O bom senso diz-nos que, para alguns pais, é a melhor coisa a fazer e, certamente, uma criança que esteja genuinamente assustada merece apoio e afeição… mas, é um círculo vicioso.
Como é muito difícil ter a certeza sobre o comportamento da criança, o melhor a fazer é, provavelmente, oferecer-lhe segurança verbal, proporcionando um ambiente acolhedor para que ela durma; mas procure fazer isso o mais rapidamente possível, e combine voltar a conversar na manhã seguinte.
Mas, por vezes, o tratamento do medo requer um programa estruturado e tranquilizador, em que o indivíduo amedrontado é gradualmente exposto ao que o assusta. Por isso, em muitos casos, a solução virá de um tratamento esquematizado com um psicólogo treinado na operacionalização destes programas.
Profº Doutor Ricardo João Teixeira – Psicólogo clínico e da saúde, especialista em psicoterapia