Foi por amor ao Nuno, o filho mais velho, que se divorciou da Sino, onde trabalhava há 13 anos. Foi por amor à Luísa, que, quando estava grávida de oito meses, deixou de ajudar o marido no negócio de seguros. “Eles são a minha ocupação principal: educá-los, ajudá-los nos deveres, ir levá-los e buscá-los à escola. Sou mãe a tempo inteiro. Trabalho nas horas vagas”, diz Elsa Lisboa, 39 anos.
Como não há cursos que ensinem a ser mãe, elas têm de ser autodidatas. Há pouco mais de um ano, a meio de uma conversa telefónica com a amiga (e também ela mãe) Eduarda Barradas, decidiram ajudar a resolver esse problema fundando um site com tudo sobre o desenvolvimento infantil.
A 4 de março de 2013 nasceu o Mãe-Me-Quer, o mais novo dos três filhos de Elsa, um site diariamente alimentado para responder a todas as dúvidas que uma mãe pode ter, incluindo tabela de sono, consultório online, conselhos sobre alimentação, como lidar com umas birras ou detetar sinais de cancro, os medos das crianças, tudo assinado por especialistas credenciados.
“Não havia um site rigoroso que as mães consultassem explica Elsa, a mais velha das duas raparigas fruto do casamento entre uma doméstica e um trabalhador da Portucel de Guilhabreu.
Cresceu em Fornelo, a oito km do centro de Vila do Conde, onde fez o secundário, na José Régio, e parava no Aguarela, o café onde tudo acontecia e ela se apaixonou por cinema – era ativa no Cineclube e colaborou na 1.ª edição das Curtas. “Tive uma educação liberal. Os meus pais guiavam-me, mas não impuseram um caminho”, recorda.
Mudou-se para o Porto para fazer o 12.° ano de Artes, na Soares dos Reis, e depois cursar Escultura, onde acabou por não entrar, porque a média se revelou curta.
Deixou-se ficar por cá, num apartamento em Gaia, partilhado com amigos. Enquanto pensava em subir as notas para uma segunda tentativa de entrar nas Belas Artes, fez um curso de projeção que lhe abriu as portas de uns biscates de projecionista no Charlot (Brasília) e no Terço.
Andava neste ramerrão quando viu no jornal um anúncio em que uma agência de publicidade pedia uma rececionista. Respondeu e foi contratada. Era o início de uma bela amizade com a Sino, onde se demorou 13 anos (uma eternidade para os dias que correm).
Não aqueceu o lugar na receção, pois foi posta a controlar o tráfego interno, em funções de planeamento e gestão.
Quando, em 2003, começou a namorar com o Nuno, não podia imaginar que a sua vida ia levar uma volta de 180 graus. Casaram. Foram viver para um apartamento em frente ao mar, em Vila do Conde. Fizeram o Nuno. E ela percebeu que tinha de escolher entre o emprego e o filho. “De manhã, deixávamo-lo a dormir em casa da minha mãe. Quando o íamos buscar, ao fim do dia, adormecia a caminho de casa”, recorda. Escolheu ser mãe.
Quando o Nuno (filho) fez três anos e foi para o infantário, Elsa tirou um curso de mediação de seguros e ajudou nos negócios o Nuno (pai), que é agente exclusivo da Tranquilidade, até que veio a Luisinha – e o Mãe-Me-Quer, o terceiro filho.
O Mãe-Me-Quer corre bem, mas é ainda um bebé, quase a fazer um ano, que ensaia os primeiros passos. Recebe mais de duas mil visitas por dia.
“Estamos felizes”, remata Elsa, uma mãe alegre e militante, sem mal entendidos com a vida.
Perfil
- Formação: 12.º ano de Artes, na Soares dos Reis, Porto
- Família: casada, tem dois filhos (Nuno, 7 anos, e Luísa, um e meio) e três cães
- Casa: vivenda em Fornelo (Vila do Conde)
- Carro: Nissan Qashqai
- Telemóvel: iPhone 5
- Portátil: Mcbook Air
- Férias: em março, a família toda vai à Tailândia, Malásia e Singapura
- Hobbies: fazer fotografia, viajar e ouvir música brasileira
- Regras de ouro: “Estar grata pela minha vida e família, por poder acompanhar os meus filhos. Nesta correria do dia a dia, andamos sempre a desejar aquilo que não temos e esquecemos de agradecer o que temos”
Fazedores por Jorge Fiel