A partir do momento em que a criança nasce é importante treinar o seu paladar para que esta criança desenvolva o gosto por alimentos que sejam considerados saudáveis.
O desenvolvimento de preferências ou repulsões alimentares é influenciado pelo seu sabor, que por sua vez irá influenciar a escolha dos alimentos e automaticamente a saúde da pessoa.
É sabido que os hábitos alimentares de uma criança são influenciados por fatores genéticos mas também ambientais (família, pares, cultura, afetivos) e todos estes fatores tem um papel importante no treino do paladar da criança.
Assim sendo, o paladar tem uma componente genética (gosto inato ao doce e aversão ao amargo) mas também tem muito de aprendizagem que é realizada pelo pais a partir do momento que iniciam a diversificação alimentar.
A diversificação alimentar é iniciada normalmente com a regular vigilância e apoio do médico ou enfermeira de família mas a partir do primeiro ano, quando se refere que as crianças podem iniciar a alimentação familiar é quando a alimentação começa a “descarrilar”.
Um estudo muito recente realizado a nível nacional refere que cerca de 25% das crianças iniciam a ingestão de doces e refrigerantes por volta dos 12/13 meses.
A introdução dos doces deve ser o mais tardiamente possível e de preferência só a partir dos dois/dois anos e meio, pois as crianças já nascem com a preferência pelo paladar doce e esta preferência deve ser contrariada e não incentivada.
O consumo de doces precoce faz com que muitas crianças entre os 12 e os 36 meses tenham um consumo calórico diário superior ao recomendado e muitas vezes excesso ponderal.
O treino e a importância das regras alimentares
O treino do paladar é algo demorado e que requer paciência, muitas vezes, é preciso dar o mesmo alimento 10/12 vezes a uma criança para que ela “aprender” a gostar. Já com os doces tal não acontece pois a criança está habituada ao sabor doce do leite materno, sendo que o mais difícil são sabores ácidos, azedos e amargos.
Nesta linha de pensamento pode ser referido que as guloseimas devem ser dadas essencialmente em dias de festas e nunca como “moeda de troca ou castigo” (“se te portares bem dou-te um chocolate”).
Os pais deverão impor regras relativamente à ingestão de doces e guloseimas, sendo que estas devem ser dadas apenas num dia específico e uma vez por semana, por exemplo.
A existência diária de doces/refrigerante na mesa são um incentivo ao seu consumo precoce e diário, logo a existência destes alimentos em casa deve ser evitada ou programada para dias especiais.
Outras considerações
Outro aspeto importante é que o doce não deve “atrapalhar” ou substituir as restantes refeições mas sim ser consumidos moderadamente após o almoço e o jantar, ou no lanche da tarde, em quantidades reduzidas – 1 fatia/ 1 colher/ 1 copo.
Pode ser também referido que todos os doces são nocivos, mas os rebuçados danificam mais os dentes, pelo contacto prolongado do açúcar com o esmalte dentário. Os refrigerantes devem ser evitados e as refeições devem ser acompanhadas com água e não com leite ou sumos, mesmo que naturais.
A gelatina caseira, ou as sobremesas que levem algum benefício nutricional (leite creme, aletria, bolo de fruta/iogurte) devem ser as eleitas.
A publicidade, o apelo, a oferta, a família e os pares são muitas vezes os grandes impulsionadores para o consumo de doces por parte das crianças e por isso mesmo os pais têm um papel fulcral no controlo da ingestão destes alimentos, devendo ser o exemplo a seguir.
Devem estabelecer-se precocemente regras relativas à quantidade, ao momento e ao tipo de doce a ingerir.