Disfonia nas crianças
Os pais e educadores dão pouca importância às alterações vocais na infância, o que faz com que a incidência da disfonia seja ainda controversa. Em média cerca de 70% das crianças roucas apresentam nódulos vocais, sendo o intervalo de idades mais frequente entre os 5 e os 10 anos.
Não existe diferença significativa entre meninas e meninos, no entanto verifica-se uma maior ocorrência em crianças do sexo masculino justificada pela exigência social de um comportamento mais agressivo.
Hábitos vocais inadequados promovem o mau uso da voz e estão relacionados com a fala em situações de ruído ambiental, rir ou chorar excessivamente, tossir, pigarrear constantemente, imitar vozes ou ruídos de personagens extraterrestres, heróis de televisão, monstros… Estes hábitos atingem diretamente a laringe da criança podendo provocar um quadro de disfonia, com o aparecimento de nódulo, pólipos, edemas ou outras alterações orgânicas nas pregas vocais.
Algumas crianças com distúrbios vocais são caracteristicamente hiperativas, agressivas, com tendência à liderança, falam excessivamente e com forte intensidade. No entanto, também podem apresentar um perfil emocional de uma criança ansiosa e agitada.
As crianças têm dificuldades na deteção de problemas relacionados com a sua fala, pois dificilmente se queixam de cansaço, dor ou esforço para falar, ou não acham que a sua voz rouca seja fora do normal. Os pais das crianças disfónicas deveriam ser os primeiros a perceber que a voz dos seus filhos está alterada. Contudo, tais problemas são muitas vezes confundidos com infeções nas vias aéreas superiores ou vistos como uma fase normal do desenvolvimento infantil.
No sistema familiar a forma como cada um fala influencia e é influenciada pelos demais. Assim, pais que fazem uso recorrente do grito com a finalidade de chamar ou conversar com outras pessoas oferecem modelos vocais que podem ser reconhecidos e incorporados pela criança como eficientes para resolver parte das necessidades do dia-a-dia.
Torna-se muito importante a deteção de alterações vocais infantis que já é tida como uma das problemáticas comuns em crianças que pode ter reflexos no desenvolvimento na vida adulta. Assim, sempre que surgir rouquidão por um longo período de tempo ou acontecer diversas vezes num curto espaço deve recorrer a uma consulta de otorrinolaringologia ou a terapia da fala para que possa ser devidamente acompanhado e encaminhado.
Assim deve-se salientar a importância da orientação familiar e educacional para proporcionar um ambiente e situações mais favoráveis a essas crianças e contribuir, quando necessário para o sucesso terapêutico.