Sinais de alarme em desenvolvimento. O desenvolvimento é um complexo processo neuromaturacional, que ocorre entre o nascimento e a idade adulta e que tem como finalidade a aquisição de autonomia.
A sua avaliação sistemática no âmbito da consulta de vigilância de saúde infantil é fundamental. É também importante ter em consideração a existência de diferentes fatores de risco, biológicos e ambientais, que podem interferir negativamente com o normal desenvolvimento infantil.
Sinais de alarme em desenvolvimento
Um diagnóstico atempado e uma intervenção precoce adequada, são fundamentais para maximizar o potencial de desenvolvimento duma criança com problemas.
Classicamente descrevem-se três tipos de alterações de desenvolvimento: o atraso, a dissociação e o desvio. São também especialmente preocupantes a paragem e a regressão do desenvolvimento.
“Desenvolvimento” refere-se ao processo de evolução biológica e psicológica que ocorre entre o nascimento e a idade adulta e que leva a que o indivíduo progrida duma situação de dependência total para uma situação de autonomia (1).
O desenvolvimento adequado pressupõe a interacção entre factores genéticos e factores ambientais. É, por isso, um processo complexo e dinâmico, assente na maturação neurobiológica e em correlação contínua com aspectos psicológicos e sociais (1-5).
As aquisições nas várias áreas do desenvolvimento são relativamente uniformes, embora possam normalmente existir áreas mais fortes e áreas mais fracas. Assimetrias significativas nas várias áreas podem traduzir patologia, constituindo por isso, um sinal de alarme (1,4).
As várias aquisições seguem um encadeamento lógico, por exemplo, antes do bebé se sentar vai ter de controlar a cabeça. Da mesma forma, uma patologia do desenvolvimento vai ter diferentes expressões ao longo do tempo, dependendo das competências em aquisição e dos requisitos ambientais em relação à criança (1-5).
A patologia do desenvolvimento tem uma elevada prevalência e o seu diagnóstico adequado é fundamental para o bem-estar da criança e da sua família. Permite também a intervenção precoce e a implementação de estratégias que realcem o potencial máximo de cada criança (5).
Faz parte integrante da vigilância da saúde infantil a pesquisa de sinais de alarme em desenvolvimento em cada idade-chave, de modo a que qualquer alteração significativa identificada seja atempadamente avaliada e, se for o caso, feita a referenciação para uma consulta especializada.
Esta vigilância deve ser contínua, passando pela observação direta da criança, pelo diálogo com os pais e pela aplicação de testes de rastreio simples. As preocupações dos pais deverão ser sempre valorizadas (4,5).
Muito frequentemente, são os prestadores de cuidados quem primeiro se apercebe de alguma alteração do desenvolvimento, que pode ser difícil de detectar no tempo limitado de uma consulta.
Estas informações são uma ajuda para que o diagnóstico de alterações do desenvolvimento se faça o mais cedo possível. A informação dada pelas educadoras também é particularmente relevante para qualquer suspeita de alteração do desenvolvimento (6).
Carregue na imagem abaixo para conhecer os sinais de alarme em desenvolvimento
Nesta galeria, poderá ler sobre os seguintes temas:
- Tipos de alterações do desenvolvimento
- Fatores de risco para alterações do desenvolvimento
- Sinais de alarme nas diferentes áreas (motora, audição e linguagem)
- Sinais de alarme em desenvolvimento do 1º aos 6 meses
- Sinais de alarme em desenvolvimento dos 6 aos 12 meses
- Sinais de alarme em desenvolvimento nos 2 e 3 anos
- Sinais de alarme em desenvolvimento nos 4 e 5 anos
- O rastreio dos problemas de desenvolvimento
Bibliografia:
1. Accardo PJ, Accardo JA, Capute AJ. A Neurodevelopmental Perspective on the Continuum of Developmental Disabilities in: Capute & Accardo´s Neurodevelopmental Disabilities in Infancy and Childhood, 3rd Edition 2008, Paul H. Brookes Publishing Co, Maryland.
2. Luna CB, Purificación TS, Caballero CG. Desarrollo psicosocial en la infância. In: Pediatría extrahospitalaria ? Aspectos básicos en atención primaria. 3ª Edición, 2001, Ergon, Madrid.
3. Council on Children with Disabilities, Section on Developmental Behavioral Pediatrics, Bright Futures Steering Committee, Medical Home Iniciatives for Children With Special Needs Project Advisory Committee. Identifying infants and young children with Ddevelopmental disorders in the medical home: an algorithm for developmental surveillance and screening. Pediatrics 2006;118(1)405-20.
4. Goldfarb CE, Roberts W. Developmental monitoring in primary care. Can Fam Physician 1996;42:1527-36.
5. Boavida J, Borges L. Avaliação do desenvolvimento. Saúde Infantil 1990;12:105-7.
6. Zwaigenbaum L, Bryson S, Lord C, et al. Clinical assessment and management of toddlers with suspected autism spectrum disorder: Insights from studies of high-risk infants. Pediatrics 2009; 123: 1383-91.
7. Srour M, Mazer B, Shevel M. Analysis of clinical features predicting etiologic yeld in the assessment of global developmental delay. Pediatrics 2006; 118(1)139-45.
8. Porfírio H, Nogueira S, Boavida J, Borges L. A Criança com défice cognitivo: ponto da situação da abordagem médica. Saúde Infantil 1999;21 (3): 25-34.
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10. Boavida J, Borges L. Atrasos no desenvolvimento da linguagem ? factores de risco e intervenção precoce. Saúde Infantil 1990;12:109-114.
11. Nogueira S, Boavida J, Porfírio H, Borges L. A criança com atraso da Linguagem. Saúde Infantil 2000;22 (1): 5-16.
12. Boavida J, Nogueira S, Lucas I, Lapa L. A criança com atraso na aquisição da fala/Linguagem. Saúde Infantil 2000;22 (1): encarte.
13. Fernandes A, Nunes C, Capela E, Boavida J, Oliveira G. Atraso da Linguagem nos primeiros anos de vida ? como estão alguns anos depois? Saúde Infantil 1997;19 (3): 9-18.
14. Sheridan M. From birth to five years ? Childrens developmental progress. 2nd edition London, Routledge 2001:11-75.
15. Sheridan M. Spontaneous play in early childhood ? from birth to six years. 1st edition, London, Routledge 1993:11-83.