O tempo passou rápido! O seu filho já tem 12 meses e vai começar a comer praticamente o mesmo que a família.
Conheça algumas regras gerais para que esta seja uma fase saudável e lembre-se que é a altura ideal para rever também os hábitos dos pais.
1. A sobremesa da criança deverá ser sempre fruta. Limite ao máximo as sobremesas doces (reserve-as para momentos festivos) e saiba que o iogurte também não é uma boa opção (o cálcio proveniente dos lacticínios, quando ingerido na mesma refeição, diminui a absorção de ferro, fornecido pela carne/peixe/ovo).
Relativamente à fruta será também de notar que os sumos naturais ou os néctares não a substituem.
2. A água deverá ser a bebida de eleição para as crianças. Deve limitar os sumos de fruta (inclusivamente os light) e os refrigerantes pelo seu elevado conteúdo em açúcares/adoçantes.
Relativamente a este ponto, é importante referir que os refrigerantes (gaseificados e não gaseificados) possuem o que se denomina por ?calorias vazias?, ou seja, as calorias que nos fornecem estão desprovidas de qualquer importância/valor nutricional, sendo exclusivamente açúcar.
3. A quantidade aproximada de carne ou peixe que a criança necessita poderá ser calculada olhando para tamanho da palma da sua mão. Neste ponto deverá dar primazia ao peixe e à carne branca.
Muitas vezes as crianças resistem a comer carne por ser muito dura e como tal ser de difícil mastigação. Apesar de ser bastante importante estimular a capacidade de mastigação, oferecer carne branca (mais mole) em detrimento de carne vermelha é uma forma (saudável!) para solucionar a questão.
Ainda relativamente à componente proteica do prato, deve considerar o ovo como um equivalente da carne e do peixe e introduzi-lo nas refeições do seu filho.
4. Os hortícolas devem estar sempre presentes na alimentação das crianças e começar as refeições pela sopa é uma das estratégias essenciais. Neste ponto é importante que não pense que o consumo de fruta substitui totalmente o consumo de hortícolas (ou vice-versa); é da diversificação, da variedade e da complementação que o seu filho vai obter todas as vitaminas e minerais que precisa para crescer saudável.
5. Nas refeições principais ofereça apenas uma variedade de hidratos de carbono (arroz, massa ou batata). Ao oferecer mais do que uma há uma maior tendência para ultrapassar as quantidades recomendadas e não será também uma boa estratégia para a educação do paladar.
Adicionar hortícolas durante a confeção do arroz/massa/batata é também uma estratégia importante para ir de encontro ao ponto anterior (4).
6. As leguminosas (feijão, grão, ervilha, fava, lentilha) são alimentos muito importantes que devem ser introduzidos na alimentação da criança. As leguminosas são muito ricas do ponto de vista nutricional e infelizmente têm sido muito esquecidas na alimentação dos portugueses.
Recomenda-se que comece por doses pequenas (1 a 2 colheres de sopa de leguminosas cozinhadas) mas que não perca a ?janela de oportunidade? para as introduzir na alimentação do seu filho.
7. Relativamente ao leite, as recomendações preconizam que o bebé seja amamentado até aos 24 meses e que como tal o leite de vaca só seja introduzido depois dos 2 anos. No caso de o seu filho já não ser amamentado, aconselhe-se sempre com o seu médico/nutricionista qual a melhor opção relativamente aos lacticínios.
Aquando da introdução do leite de vaca opte por leite gordo numa fase inicial e posteriormente meio-gordo. A menos que exista alguma recomendação específica, o leite magro não tem particular interesse para a criança em termos nutricionais.
Neste ponto é ainda importante ressalvar que as farinhas lácteas devem ser preparadas com água e não com leite (o que é relativamente comum). Estas farinhas já têm leite na sua constituição pelo que a sua preparação com leite irá resultar numa sobrecarga para a criança, por exemplo ao nível renal.
8. No caso dos derivados do leite, o iogurte é uma opção muito interessante para as merendas das crianças mas que deve ser cautelosamente escolhida. Deve preferir iogurte natural ou de aromas, liquido ou sólido, não cremoso e sem pedaços/cereais/chocolate.
Lembre-se também que apesar da importância dos lacticínios para as crianças, estes não devem ser consumidos para lá das recomendações (cerca de 400 ml por dia será suficiente).
9. Prefira o pão às bolachas, papas ou cereais, que são mais processados e possuem uma maior quantidade de açúcar. Focando a questão do açúcar, tenha especial atenção aos cereais de pequeno-almoço destinados a crianças. No que concerne ao recheio do pão, poderá ser uma boa altura para fomentar o consumo de pão ?simples? ou com recheio de hortícolas.
10. O açúcar de adição e alimentos/preparações açucaradas não têm uma recomendação simplesmente porque devem ser consumidos o mínimo possível. Dentro destes alimentos incluem-se bolachas, biscoitos, bolos, gelados, chocolates, rebuçados…
11. Estabeleça uma rotina de 5 ou 6 refeições para o seu filho e lembre-se que embora ainda não estando em idade escolar, o pequeno-almoço é uma refeição essencial que nunca deve ser esquecida.
12. Cada criança tem as suas próprias necessidades e apetite. É importante que não pressione o seu filho a comer e que não utilize os alimentos como castigo ou recompensa (irá mascarar o verdadeiro valor dos alimentos). Contudo incentive sempre a provar novos alimentos e não desista à primeira tentativa: não pressione e experimente de novo uns dias mais tarde.
Bibliografia
- Projeto Papa Bem. Papa Bem dos 12 aos 36 meses
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- Dietz W, Stern L. Nutrition: what every parents needs to know. American Academy of Pediatrics. 2nd ed. 2011