O caso de Archie Battersbee, a criança inglesa de 12 anos que se encontra em morte cerebral depois de ter participado num desafio da rede social Tik Tok, continua a emocionar o mundo. Depois de o apelo ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem não resultar, os pais pediram transferência para uma unidade de cuidados paliativos.
O recurso ao Tribunal Europeu, para que contrariasse a ordem do Supremo britânico, não foi aceite. A justiça do Reino Unido consideram que os pais já esgotaram todas as tentativas legais de manter o filho vivo.
Archie Battersbee foi encontrado inconsciente em casa, com uma ligadura no pescoço pela mãe, em Southend, Essex, no dia 7 de abril. A mãe, Hollie Dance, acredita que o que aconteceu foi resultado de um desafio do Tik Tok, que consiste em cortar o fornecimento de oxigénio ao cérebro até se perder a consciência.
O menino foi transportado para o Royal London Hospital, em Londres, tendo sido diagnosticada a “morte cerebral”. Foi então que se começou a travar a batalha judicial que agora chega ao fim, entre o hospital e os pais de Archie, que se recusam a aceitar a recomendação geral dos médicos para desligar as máquinas de suporte de vida.
Os médicos garantem que os órgãos de Archie vão eventualmente falhar completamente, seguindo-se a insuficiência cardíaca, mesmo com os tratamentos de suporte de vida. A família mantém acesa a chama da esperança e acredita na recuperação da criança, considerada impossível pela ciência.
Em declarações à Rádio Renascença, Maria do Céu Patrão Neves, Presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida considera que o caso levanta um necessário debate ético sobre a comunicação entre as instituições de saúde e as famílias.
À mesma rádio, Ana Sofia Carvalho, diretora do Instituto de Bioética da Universidade Católica, defende que a transferência para uma unidade de cuidados paliativos, desaconselhada pelos médicos devido à instabilidade do estado de Archie Battersbee, é apenas um ato de adiar o inevitável. Ana Sofia Carvalho não tem dúvidas de que “Archie de acordo com aquilo que são os critérios científica e medicamente estalecidos de morte, está morto”.
A responsável destaca contudo que este é um caso extremamente delicado, ao envolver a família que se recusou a acreditar que o menino não tivesse recuperação. Os pais parecem aceitar o desfecho inevitável e pediram a transferência para uma unidade de cuidados paliativos, contra ordens dos médicos.
5 de agosto 2022