Nos últimos meses da vida intrauterina, os testículos devem descer do abdómen, local onde se formam, para a bolsa escrotal. Quando tal não acontece, o problema designa-se criptorquidismo (do Grego kryptos “escondido” e orchis “testículo”) ou vulgarmente de testículo subido.
Geralmente, esta condição afeta apenas um único testículo mas, ocasionalmente, nenhum dos dois desce até ao escroto.
Quando começam os testículos a descer?
Por volta da 23ª semana da gravidez, os testículos iniciam a sua lenta descida do abdómen, local onde se desenvolvem, para o escroto, permanecendo no canal inguinal até ao 9º mês da gestação.
Na maior parte dos casos, o testículo desce até ao 4º mês de vida, naturalmente. Estudos demonstraram que os testículos não descem espontaneamente após os 9 meses de vida. Nestes casos, pode ser necessário recorrer a cirurgia corretiva (orquiopexia).
É importante vigiar regularmente o bebé – quando muda a fralda ou dá banho – para garantir que os testículos se desenvolvem normalmente, mesmo no caso de cirurgia.
Para além da vigilância diária dos pais, o pediatra irá fazer o mesmo tipo de controlo nas consultas de rotina do bebé.
Diagnóstico do criptorquidismo ou testículo subido
O diagnóstico de criptorquidismo ou testículo subido é definido, na grande maioria dos casos, logo após o nascimento, antes de o recém-nascido ter alta da maternidade / hospital.
A criptorquidia ou testículo subido não apresenta sintomas, exceto quando o testículo desenvolve uma infeção. O diagnóstico é realizado através de exame clínico, quando o testículo não é detetado no escroto.
Porque não descem os testículos?
Existem várias teorias relativamente às causas que levam o testículo a não descer para a bolsa escrotal. Algumas das causas identificadas são baixo peso à nascença, tamanho menor do que o esperado para a idade gestacional, gravidez de gémeos e prematuridade (quando o bebé nasce antes da 37ª semana de gestação).
Porque devem os testículos descer?
As razões pela quais os testículos precisam de descer são de ordem prática mas, também, de saúde e autoestima.
Temperatura e fertilidade
Para que se possam desenvolvam como desejado, os testículos precisam de estar num ambiente mais frio (cerca de 1ºC a 1,5ºC abaixo) relativamente à temperatura interior do corpo.
O escroto é projetado para manter os testículos à temperatura correta. Quando a temperatura dos testículos é mais elevada, como no caso de um testículo que não desceu, isso pode afetar a fertilidade.
Saúde
Quando os testículos não descem, a probabilidade de cancro testicular aumenta quatro a sete vezes relativamente à restante população. A cirurgia não protege contra a possibilidade de cancro testicular, mas coloca os testículos numa posição favorável ao auto-exame de rotina, que permite reconhecer precocemente os sintomas de cancro nos testículos.
Para além disso, é necessário considerar a componente emocional e o impacto que esta condição pode ter na autoestima, na fase da adolescência e em adulto.
Tratamento do criptorquidismo
Na grande maioria dos casos, o testículo desce naturalmente, sem necessidade de intervenção. Se tal não acontecer durante o primeiro ano de vida, poderá ser necessário fixar o testículo na bolsa escrotal através de cirurgia.
O procedimento é relativamente simples, tem uma taxa de sucesso muito elevada, e é realizado por um cirurgião pediátrico ou por um médico urologista. O objetivo do procedimento é preservar a fertilidade e despistar cancro testicular.
Felizmente, com tratamento adequado e eficaz, os meninos não devem ter problemas associados ao criptorquidismo mais tarde.