No pós-parto imediato e nas primeiras semanas após o parto, os cuidados clínicos e a atenção dedicados à mãe e ao recém-nascido são fundamental para a saúde materna e neonatal.
Primeiras semanas após o parto
Nos primeiros dias após o parto, o atendimento é cedido durante o internamento no hospital / maternidade, com posterior avaliação na unidade de saúde respetiva, 4 a 6 semanas mais tarde, na consulta do puerpério.
Nesta consulta, o seu médico irá avaliar:
- O seu estado saúde e o do seu bebé;
- Orientar para os cuidados básicos com o recém-nascido e para a amamentação;
- Identificar situações de risco ou intercorrências;
- Orientar para o tipo de contracetivos que pode usar no período pós-parto.
Nesta fase, também são tomadas medidas preventivas para possíveis complicações que sejam pouco frequentes. Entre as complicações mais frequentes, registam-se as infeções urinárias, hemorragias e problemas com a amamentação.
Os resultados desta consulta são o último registo do seu Boletim de Saúde da Grávida (BSG).
O seu corpo nas primeiras semanas após o parto
A gravidez é marcada por uma série de modificações, tanto físicas como psicológicas, assim como o tempo imediato ao parto e os seguintes dias.
Durante 6-8 semanas após o parto, a mãe poderá experimentar sintomas ligeiros à medida que todos os órgãos, principalmente os genitais, recuperam a sua forma inicial.
Seios
Os seios passam igualmente por acentuadas transformações, uma vez que passam a desempenhar a função importante de produzir o leite materno (alimento para o bebé).
Útero
O útero dilatado começa a contrair-se, de forma intensa nas horas seguintes ao parto, fazendo com que as paredes comprimam os vasos sanguíneos que nutriam a placenta impedindo uma possível hemorragia.
Entre os 5 a 7 dias, podem intensificar-se pela lactação, uma vez que a hormona ocitocina libertada para estimular o fluxo de leite, também estimula as contrações uterinas.
Após 10 dias, o útero deixa de ser apalpável, ficando inserido na cavidade pélvica, contudo, cerca de 3 a 6 semanas após o parto, consegue recuperar a sua forma e posição inicial.
Se tiver muitas dores, fale com o seu médico para saber que tipo medicação poderá tomar uma vez que a maioria dos fármacos passam para o leite materno o que pode prejudicar a saúde do bebé.
Lóquios
À medida que o útero se contrai, vai ter um corrimento vaginal, conhecido por lóquios. A duração dos lóquios varia de mulher para mulher, sendo a média de 21 dias mas que se pode prolongar pelos primeiros 2 a 3 meses.
Relações sexuais
O retorno às atividades diárias deve ser realizado quando a recente mãe se sentir preparada. O mesmo se aplica às relações sexuais no pós parto.
Não existe um tempo estabelecido para que a primeira relação sexual aconteça, isso depende de casal para casal e da forma que se sentem física e psicologicamente.
Ainda assim, o recomendado ronda as 6 semanas para a primeira relação sexual, altura pela qual a mulher se encontra já sem sangramentos e a ferida (da cesariana ou do parto normal) está cicatrizada.
Será aconselhada a optar por um contracetivo a iniciar depois da primeira menstruação, pois existe a possibilidade de engravidar novamente, mesmo estando a amamentar.
Se estiver a amamentar tem como opções:
- A contraceção hormonal (progestativo) oral, injetável, ou impante ou
- A contraceção não-hormonal (preservativo masculino ou dispositivo intrauterino).
Amamentação
A proteção, promoção e suporte ao aleitamento materno são uma prioridade de saúde pública, destacando a norma da Organização Mundial da Saúde que promove a amamentação exclusiva até aos 6 meses de vida.
O início da amamentação deve ser encorajado o mais precocemente possível, assegurando um crescimento, desenvolvimento e saúde ótimos do bebé.
As vantagens da alimentação com leite materno são evidentes tanto para o bebé como para a mãe:
Para o bebé:
- Fornece o alimento ideal, mais barato e seguro para dar em exclusividade até aos 6 meses;
- O leite materno é um alimento natural, com elevada riqueza nutricional permitindo um crescimento e desenvolvimento saudáveis do bebé;
- Previne o aparecimento de infecções gastrointestinais (diarreias), respiratórias (pneumonias e bronquiolites) e urinárias;
- Protege de algumas alergias;
- Confere maior protecção contra vírus e bactérias;
- Permite uma melhor adaptação do bebé ao apetite e sede, bem como aos outros alimentos;
- Previne o aparecimento futuro de diabetes, linfomas, obesidade, doença de Crohn, colite ulcerosa e doença celíaca na criança;
- Melhora o desenvolvimento da visão;
- Reduz a propensão a cárie dentária, melhora o desenvolvimento das mandíbulas, dos dentes e da fala;
- Facilita a digestão e o funcionamento do intestino.
Para a mãe:
- O leite materno é prático e conveniente, sem necessidade de preparação, aquecimento e desinfeção;
- Promove uma recuperação rápida do corpo da mãe após o parto;
- Associa-se a uma menor probabilidade de aparecimento de cancro da mama, cancro do ovário, osteoporose, doenças cardíacas, diabetes e artrite reumatóide;
- Atrasa a menstruação, funcionando como um controlo da fertilidade;
- Aumenta a confiança da mãe e a sensação de bem-estar;
- Cria uma melhor ligação emocional entre a mãe e o bebé o que garante uma maior estabilidade da criança.
A partir dos seis meses, a alimentação com o leite materno já pode ser complementada com a diversificação alimentar.
Fontes: Aleitamento Materno: Promover Saúde!, Alexandra Bento e Helena Real – Associação Portuguesa dos Nutricionistas agosto de 2010; Hipertensão na gravidez: tratamento e prevenção, Joana Coelho Martins, Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas – Trabalho efetuado sob a orientação: Professor Doutor João Pedro Fidalgo Rocha, 2014