Um terço das crianças que frequentam o pré-escolar e 1º ciclo não teve acesso gratuito a fruta ou hortícolas na escola durante o ano letivo passado, segundo um estudo sobre os hábitos alimentares das crianças, realizado pelo Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, em parceria com a Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil (APCOI).
Foram inquiridos 21.773 alunos, entre os 2 e 13 anos de idade, pertencentes às 586 escolas que aderiram à iniciativa “Heróis da Fruta”. Do número de inquiridos, cerca de 35% não tiveram acesso gratuito a frutas ou hortícolas distribuídas na escola. Em determinadas zonas do país, especialmente em Portalegre, a fruta e hortícolas distribuídas de forma gratuita chegaram a apenas 13,3% das turmas.
Do outro lado do espetro, a Madeira e os distritos de Braga e Viseu, foram onde mais alunos tiveram acesso gratuito a fruta e hortícolas. A iniciativa “Heróis da Fruta”, abraçada por mais de 81 mil alunos no ano letivo passado, tem como objetivo ter impacto na melhoria dos hábitos alimentares das crianças.
De acordo com outros resultados deste estudo, a percentagem de alunos que levava diariamente lanches pouco saudáveis para a escola diminuiu 54,8% entre o início e o final do ano letivo. Por outro lado, a percentagem de crianças que consumiu, pelo menos, uma porção de frutas ou hortícolas diariamente na escola passou de 73,7% para 88,2%, a nível nacional, em apenas cinco semanas.
O relatório da investigação revela também que durante esta edição do programa, quase metade das crianças (48,5%) consumiram pela primeira vez uma fruta ou legume que nunca tinham experimentado antes.
Em algumas escolas, o cenário no início e no final do ano letivo foi muito diferente. Nos Açores, a percentagem de crianças que relataram não comer frutas ou hortícolas diariamente na escola passou de 40,8% para 6,6%. Em Évora e Vila Real houve uma redução de 20%, enquanto em Beja a diferença foi de 10%.
29 de setembro 2023