Apesar de o impacto da bulimia na gravidez precisar de mais investigação, sabe-se que os distúrbios alimentares provocam ciclos menstruais irregulares, alterações metabólicas e hormonais que afetam a fertilidade da mulher e diminuem a hipótese de conceber. Mas a bulimia também afeta o normal desenvolvimento do bebé devido às carências nutricionais maternas.
Quando a mulher sofre de bulimia (ciclo de comer excessivamente e vomitar) ou de anorexia nervosa, o seu organismo carece de reservas nutricionais essenciais para a sua saúde mas, também, para garantir o saudável desenvolvimento de um bebé.
A atitude da mulher face ao seu distúrbio alimentar, a noção de que o corpo muda na gravidez – mas que também é possível voltar a recuperar a forma – e a vontade de levar a cabo uma gravidez bem sucedida podem fazer toda a diferença quando a mulher decide engravidar.
Bulimia na gravidez
Estudos realizados sugerem que se a bulimia na gravidez for controlada, a probabilidade de nascer um bebé saudável é semelhante ao de outra mulher, desde que não haja outros fatores de risco associados.
Por outro lado, o médico que acompanha a gravidez deve ser informado sobre o distúrbio, mesmo que seja anterior à gravidez para que possa fazer uma correta avaliação do estado nutricional da mulher.
Consequências da bulimia na gravidez
Comer excessivamente e vomitar na gravidez pode trazer graves consequências para a gestação, como:
Para além destas complicações, outras podem surgir como anemia, desenvolvimento fetal lento, dificuldades respiratórias, contrações prematuras, duração curta da primeira fase do parto e morte perinatal (período compreendido entre a 28ª semana da gestação e o 7° dia de vida do recém-nascido).
Os bebés que nascem de mulheres bulímicas também demonstram ter mais dificuldade em adaptar-se à vida fora do útero (avaliado pelo teste de Apgar no primeiro minuto de vida).
Quando pode ser necessário o internamento?
Nos casos mais graves, quando o bem-estar da mãe ou do bebé estão em risco, poderá ser necessário o internamento hospitalar. Algumas situações que podem levar o médico ao internamento são:
- Sinais vitais preocupantes;
- Desidratação;
- Desnutirção;
- Sintomas cardíacos, como arritmia;
- Ganho insuficiente de peso;
- Sintomas de parto pré-termo ou outras complicações de saúde.
Como lidar com a bulimia na gravidez
1. Aconselhamento psicológico
Se os distúrbios alimentares exigem um acompanhamento profissional em qualquer fase da vida, este tipo de apoio ainda é mais crítico na gravidez. Idealmente, este tipo de aconselhamento deve continuar no pós-parto, numa fase que pode ser complicada em termos da gestão da auto-imagem e ansiedade.
2. Parar a toma de laxantes e diuréticos
Na gravidez, qualquer tipo de medicamento deve ser sujeito a aprovação médica. É frequente que quem sofre de bulimia recorra a laxantes ou diuréticos. Este tipo de produtos, mesmo os de origem natural, podem prejudicar o bebé em desenvolvimento e não devem ser tomados salvo prescrição e aconselhamento médico.
3. Compreender a importância do aumento de peso na gravidez
Para que o bebé se desenvolva de modo saudável, a mãe deve aumentar de peso na gravidez. Peso a menos ou subnutrição maternas têm riscos para o bebé como baixo peso para a idade gestacional.
4. Compreender que a imagem corporal muda na gravidez
As formas redondas são normais na gravidez porque está um bebé a crescer dentro da barriga. Para além do bebé, uma série de órgãos e sistemas de apoio são formados (placenta, líquido amniótico) para garantir que o bebé consegue sobreviver e desenvolve-se no útero.
5. Procurar ajuda de um nutricionista
Quando a mãe passa fome, o bebé passa fome. O aumento moderado de peso a um ritmo constante através de uma alimentação nutricionalmente rica contribuirá para uma gestação saudável e para assegurar a recuperação mais rápida no pós-parto.
A orientação do nutricionista é igualmente importante no pós-parto para assegurar uma saudável perda de peso.
6. Praticar exercício físico
A prática regular de exercício físico proporciona boa disposição mas também ajuda a manter o peso a um nível razoável. Todo o exercício físico na gravidez deve ser consentido pelo médico uma vez que atividades que gastam muitas calorias ou que exigem muito esforço devem ser evitadas.
7. Compreender que a recuperação pós-parto exige tempo
Apesar de muito peso se perder logo após o nascimento do bebé, a perda da maior parte do peso será gradual. Para ficar em forma, o regime alimentar deve ser acompanhado de exercício físico localizado. Também aqui o médico tem uma palavra importante a dizer.
Conheça os sinais de parto pré-termo, como o baixo peso ao nascer pode influenciar a saúde do seu bebé e os nutrientes essenciais na gravidez e na amamentação.