“ O meu casamento mudou desde que fui mãe. ” É com esta frase que uma leitora inicia a carta que nos enviou e onde desabafa sobre as mudanças que teve que enfrentar (e com as quais ainda lida) depois do nascimento do seu bebé. Não foi só o seu casamento que mudou. Ela própria mudou, bem como as relações com os amigos e com a família.
O meu casamento mudou desde que fui mãe
Com muita sensibilidade e perfeitamente consciente das alterações que a maternidade causou na sua vida, acaba a carta dizendo que, apesar da frustração que sente e do muito tempo que dedica a pensar no assunto, não consegue encontrar uma solução que a ajude a mudar a situação.
Para muitas pessoas, ainda é válida a ideia de que um filho pode salvar um casamento. No entanto, há situações em o oposto também se aplica. Muitos casamentos acabam depois do nascimento de um bebé, seja ele desejado ou não.
Não é tanto a dor ou o desconforto físico mas a disponibilidade emocional e de tempo para investir na relação a dois. Mas a dinâmica do casal e a cabeça da mulher também mudam com a gravidez e com a maternidade.
Também não é certo dizer que a responsabilidade é apenas da mulher. Casos há em que são os homens que se afastam. Muito se tem escrito sobre este assunto e sobre as causas que podem justificar este desinteresse dos homens. Evidentemente que não há apenas uma justificação possível e o que é verdade num caso pode não ser noutro.
Deixar de ser o número “Um” para a mulher, a pressão do papel de ser pai, o aumento da responsabilidade e das expectativas da família sobre a sua pessoa, as exigências de cuidar de um bebé ou de educar uma criança são algumas das causas que podem ajudar a justificar o afastamento do marido.
Mas o distanciamento do casal também pode ter origem em questões como a depressão pós-parto ou a auto-imagem (vamos ser sinceras, o corpo da grande maioria das mulheres de todo o mundo não é o mesmo depois da gravidez).
O desejo sexual no pós-parto (ou a falta dele), a interferência de outros membros familiares na vida e opções do casal, a dissonância no modelo de educação ou a discórdia nos valores que se querem transmitir aos filhos são apenas algumas questões que se podem transformar em verdadeiros dramas e levar ao fim do casamento idealizado.
A inevitável mudança do estilo de vida (menos saídas com os amigos, a pressão económica, a necessidade de planear os dias com antecedência, de, muitas vezes, colocar as necessidades parentais em segundo plano em prol das necessidades dos filhos, por exemplo), são outras situações que podem levar a uma pressão no casamento que acaba por não resistir.
Perante estas dificuldades o que fazer?
Não fique sozinha. Não se isole. Não se iluda com as vidas mais que perfeitas que vê alegre e despreocupadamente partilhadas nas redes sociais. Procure ajuda especializada se acha que sozinha não consegue chegar a um ponto de equilíbrio.
Não tenha vergonha nem se julgue menos mulher ou esposa por se sentir frágil e insegura. A maternidade muda-nos. Inevitavelmente. Deixamos de ser só nós e o nosso mundo. E isso faz parte da vida de todas as mães, de todos os pais e de todos os casais. Lembre-se: você não é a exceção, mas sim a regra.