Este não é mais um artigo com uma técnica miraculosa e “XPTO” para usar com o seu filho para que ele adormeça rapidamente… e se mantenha a dormir. Pelo contrário, este artigo é de mãe para mãe ou de coração para coração. Chame-lhe o que quiser.
É muito frequente testemunharmos pais a queixarem-se que passam noites a fio a tentar que o seu filho adormeça, mas com pouco sucesso.
Frequentemente aqueles pais terão tentado as técnicas mais inovadoras, mais radicais, mais “zen”, mais audazes lidas nos manuais de parentalidade. Mas o facto é que muitas crianças não conseguem adormecer sozinhas ou manter um sono prolongado e reparador. Só adormecem com os pais, deitados ao seu lado ou a segurar na sua mão.
O sono é fundamental para o desenvolvimento da crianças
E muitas até conseguem adormecer. No entanto, despertam pouco tempo depois, pondo por terra todo o empenho materno ou paterno em ajudá-las a dormir.
E os meses vão-se seguindo, uns após ou outros. Com o tempo, todo o esforço acaba por ser extenuante para a criança e para os pais. Ninguém consegue usufruir de uma noite de sono com qualidade.
Vencidos pelo cansaço e frustração, muitos pais acabam por se render às circunstâncias. Deitam-se ao lado do filho e muitas vezes dão por si, a acordar a meio da noite, para se arrastarem para a sua cama. Provavelmente muitos pais se sentirão culpados e incompetentes no seu papel. Será que são mesmo?
A preocupação com que a criança seja independente
Há especialistas que ensinam técnicas para que a criança adormeça autonomamente ou se acalme sozinha. Fazem-no, transmitindo a ideia que isso é essencial para o seu desenvolvimento. Pode-se detetar, nas entrelinhas dessas indicações, a preocupação que a criança não consiga ser autónoma.
Os pais sentem-se, então, compelidos em “treinarem” os seus filhos para dormirem uma noite de sono completa a partir de certa idade. Se isto não acontece, as crianças poderão receber um rótulo de atestação de problema. Normalmente é um daqueles problemas com nomes complicados. Por sua vez, os pais são contemplados com um rótulo em letras garrafais, que indica serem demasiado permissivos.
Mas será mesmo assim?
A verdade é que ao reclamar a sua companhia na hora de adormecer, o seu filho poderá simplesmente querer que esteja com ele por estar ligado a si por laços muito fortes, por adorá-lo (a), ou pode, até, estar com medo de estar sozinho no quarto.
Há quem defenda que os pais que ajudam a adormecer a criança deitando-se na cama junto dela, estão a contribuir para fortalecer os laços afetivos que os unem aos filhos e vice-versa.
O que diz a ciência
Segundo um estudo conduzido pela Universidade da Califórnia em Los Angeles, nos Estados Unidos, quando um pai se deita com o filho para o tranquilizar e ajudar a adormecer, a criança aprende a associar o progenitor ao ato de dormir. É como se fosse a sua almofada que quando não está presente, a criança não consegue adormecer.
Outros investigadores defendem que este tipo de ligação com a criança não é prejudicial. Sugerem que um estilo de pais mais sensíveis e responsivos faz promover a autoconfiança, independência, segurança e estabilidade na criança.
Contudo, como vimos anteriormente, muitos especialistas e pais defendem precisamente o contrário. O argumento é que o facto de os pais se deitarem com o filho para o ajudar a adormecer é prejudicial para o seu desenvolvimento. Isso fará com que a criança permaneça dependente dos pais.
Devemos deixar o nosso instinto e coração decidir o que fazer
E voltamos ao que foi mencionado atrás: os pais sentem-se obrigados…
Portanto, o que é melhor fazer se o seu filho que não consegue adormecer sozinho?
As crianças são todas diferentes, com personalidades e, por conseguinte, necessidades diferentes. Ninguém conhece melhor o nosso filho que nós mães e pais. Por isso, use o seu coração e decida o que é melhor para o seu filho que tem dificuldades em adormecer. Decida se é melhor, na hora de ir para a cama: adormecer juntamente com ele, oferecendo-lhe a paz de espírito, conforto e toque humano que ele necessita; ou dar-lhe aquele empurrãozinho que sabe ser o suficiente para que ele se sinta confiante e confortável para adormecer autonomamente.